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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
paladar animal

Por que seu gato recusa petiscos e seu cachorro come até papel?

Enquanto cães devoram doces e restos sem hesitar, os gatos torcem o nariz até para rações premiadas. A ciência começa a explicar as razões por trás dessas preferências tão distintas

Luana Avelarpor Luana Avelar em 8 de abril de 2025
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Quem tem um gato em casa já viveu o desafio de convencê-lo a experimentar um novo alimento — e muitas vezes falhou. Enquanto isso, basta deixar cair qualquer comida no chão para que um cachorro a devore sem pensar duas vezes. Essa diferença de comportamento, tão comum no dia a dia dos tutores, tem explicações científicas que estão começando a ser desvendadas por pesquisas recentes.

Um dos principais motivos para a seletividade felina é genético: os gatos não sentem o sabor doce. Isso acontece porque eles possuem um gene defeituoso, o Tas1r2, responsável pela detecção do doce em conjunto com o Tas1r3. Sem ele, os gatos simplesmente não reconhecem esse sabor. Já os cães, que possuem os dois genes funcionando normalmente, podem saborear e se atrair por alimentos ricos em açúcar.

Por outro lado, os gatos são altamente sensíveis ao sabor umami — conhecido como o gosto do “delicioso” e encontrado em proteínas como as do atum. Um estudo com 25 felinos demonstrou que todos preferiram beber água enriquecida com compostos umami, especialmente os derivados de peixe. Isso confirma que a preferência carnívora dos gatos também está impressa em sua biologia gustativa.

Cães, por sua vez, são considerados onívoros oportunistas. Essa característica evolutiva os torna mais receptivos a uma ampla variedade de alimentos, desde carne até vegetais e grãos. A flexibilidade alimentar pode ser uma das razões pelas quais eles parecem menos exigentes do que os gatos, que são carnívoros estritos e obtêm todos os nutrientes de que precisam exclusivamente da carne.

As diferenças entre os paladares também se estendem ao gosto amargo. Tanto cães quanto gatos possuem receptores para esse sabor, embora os cães tenham um número ligeiramente maior de genes relacionados. No entanto, os cientistas ainda não sabem ao certo se isso influencia diretamente na sensibilidade de cada espécie ao amargor — um sabor geralmente associado à detecção de substâncias tóxicas.

Para além da curiosidade, esse tipo de conhecimento tem aplicações práticas. Entender o que atrai ou repele os animais pode ajudar tutores a estimular o apetite de pets doentes, como fez uma pesquisadora japonesa ao acrescentar flocos de peixe seco à ração de gatos sem apetite. Além disso, a indústria de alimentos e medicamentos para pets pode desenvolver produtos mais saborosos e eficazes.

Apesar dos avanços, os cientistas afirmam que ainda há muito a descobrir. Cada espécie vive em seu próprio universo sensorial, e compreender esses mundos pode melhorar a relação dos humanos com seus companheiros de quatro patas. Afinal, o que parece apenas uma “frescura” do seu gato pode ser, na verdade, um traço profundamente enraizado em seu DNA.

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