Produtos congelados são vilões ou aliados?
Apesar da má reputação, alimentos congelados podem ser tão – ou até mais – nutritivos que os frescos, apontam estudos. Entenda como esses produtos funcionam e como escolher o melhor para sua rotina alimentar

Os produtos congelados costumam ser alvo de desconfiança por parte dos consumidores. Associados à praticidade da indústria e ao processamento em larga escala, esses alimentos ainda carregam a imagem de serem menos saudáveis do que as versões frescas. No entanto, evidências científicas apontam o contrário: frutas, legumes e verduras congelados podem oferecer o mesmo valor nutricional – e, em alguns casos, até mais – que os frescos.
Estudos que comparam o conteúdo de nutrientes em alimentos frescos e congelados revelam que os congelados mantêm níveis semelhantes de vitaminas e antioxidantes. Isso ocorre porque esses produtos são colhidos, escaldados, embalados e congelados em poucas horas, o que ajuda a preservar seus nutrientes. Esse processo, realizado em uma atmosfera de nitrogênio, mantém a estabilidade das vitaminas por períodos prolongados.
Além de nutritivos, os congelados também apresentam vantagens práticas: costumam ser mais baratos, têm vida útil maior e ajudam a reduzir o desperdício de alimentos. Em contrapartida, os produtos frescos, principalmente aqueles vendidos em supermercados e que percorrem longas distâncias até chegar ao consumidor, podem perder parte de seus nutrientes durante o transporte e o armazenamento.
Ainda assim, os alimentos frescos mantêm seu valor nutricional, especialmente quando adquiridos em mercados de produtores locais. Por percorrerem trajetos menores da fazenda até a feira, esses produtos são colhidos no auge da maturação e chegam ao consumidor em estado mais recente, o que favorece a conservação de nutrientes.
A qualidade do solo também pode influenciar na densidade nutricional dos alimentos. Produtos cultivados em menor escala, com práticas agrícolas mais cuidadosas, tendem a apresentar maior concentração de nutrientes. Mesmo com preços mais elevados, esses alimentos frequentemente compensam pelo sabor, pela textura e pela durabilidade.
Não se trata, portanto, de escolher um lado. Tanto os produtos congelados quanto os frescos têm papel importante em uma alimentação equilibrada. Os congelados oferecem praticidade, economia e variedade ao longo do ano, inclusive fora da estação. Já os frescos, sobretudo os locais, se destacam pelo frescor, sabor e textura.
Desmistificar a ideia de que alimentos congelados são inferiores é fundamental para promover escolhas alimentares mais acessíveis, sustentáveis e realistas. Ao invés de adotar uma visão rígida e excludente sobre o que é saudável, o ideal é reconhecer o valor de diferentes formas de acesso a alimentos nutritivos.
No fim das contas, o mais importante é incluir vegetais, frutas e legumes na rotina alimentar, independentemente de estarem congelados ou frescos. Ambos os formatos oferecem benefícios à saúde e cumprem funções diferentes dentro de uma mesma dieta. Celebrar essa diversidade pode ser o primeiro passo para uma relação mais leve, prática e eficiente com a alimentação.