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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
O PREFEITO INFLUENCER...

PF bate à porta do prefeito ‘tiktoker’ de Sorocaba em operação contra desvios milionários na saúde

Polícia Federal mira Rodrigo Manga e ex-secretário de Saúde em ação que apura esquema de corrupção ligado à área da saúde no município paulista

Thais Airespor Thais Aires em 10 de abril de 2025
Sorocaba

O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), acordou nesta quinta-feira (10) com a Polícia Federal na porta. Conhecido nas redes sociais como o “prefeito tiktoker”, ele é um dos alvos da Operação Copia e Cola, que investiga o desvio de recursos públicos destinados à saúde do município. A casa dele foi um dos endereços visitados por agentes federais durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Além de Manga, o ex-secretário municipal de Saúde Vinicius Rodrigues também está entre os investigados. As suspeitas envolvem lavagem de dinheiro e fraudes em contratos com uma organização social (OS) contratada para administrar serviços de saúde em Sorocaba.

Organização Social na mira

A investigação teve início em 2022, quando surgiram indícios de irregularidades na contratação da OS, que havia sido escolhida para operacionalizar as ações de saúde no município. Segundo a PF, foram detectadas práticas como depósitos em dinheiro vivo, pagamento de boletos e transações imobiliárias usadas para lavar dinheiro desviado dos cofres públicos.

A Justiça Federal autorizou não apenas os mandados de busca, como também o sequestro de bens e valores que podem chegar a R$ 20 milhões. Além disso, a OS investigada foi proibida de fechar novos contratos com o poder público enquanto durarem as apurações.

A operação foi deflagrada simultaneamente em 13 municípios paulistas — entre eles São Paulo, Osasco, Itu, Santo André, Sorocaba, São Caetano do Sul e Votorantim — e também em Vitória da Conquista, na Bahia. Ao todo, mais de cem policiais federais participaram da ação, que não incluiu mandados de prisão até o momento.

Durante as buscas, uma descoberta inusitada: diversas armas de fogo foram encontradas na casa de um empresário envolvido nas investigações. Apesar de aparentemente estarem registradas, a quantidade e o poder de fogo chamaram a atenção dos agentes.

Sorocaba
Montagem mostra dinheiro apreendido na casa de pastor durante operação que mira prefeito de Sorocaba — Foto: Divulgação/g1

Do TikTok ao noticiário policial

Rodrigo Manga tem 45 anos e está no segundo mandato à frente da prefeitura de Sorocaba. Foi reeleito em 2024 com 73,75% dos votos, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na última semana, ele anunciou pré-candidatura à Presidência da República para 2026, o que aumentou sua projeção no cenário nacional.

O apelido de “prefeito tiktoker” veio da forma como Manga utiliza as redes sociais para divulgar ações da gestão. Vídeos dançando, encenando situações do cotidiano e interagindo com a população o tornaram popular, especialmente entre os mais jovens. Um dos conteúdos mais virais, sobre o passe livre estudantil, já ultrapassou 15 milhões de visualizações. O estilo chegou a inspirar outros políticos, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que replicou um de seus vídeos.

Em nota divulgada após a operação, o prefeito afirmou estar colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos “o mais brevemente possível”. A assessoria também destacou que a ação ocorre em um momento de visibilidade nacional de Manga, mencionando “forças ocultas” que estariam tentando barrar lideranças que se colocam como alternativas ao sistema político tradicional.

Sorocaba
Rodrigo Manga, o prefeito tiktoker da cidade de Sorocaba, em São Paulo

Outras investigações na saúde de Sorocaba

O setor de saúde pública em Sorocaba já havia sido alvo da Operação Parajás, deflagrada em 2023. Na ocasião, a Polícia Federal investigava desvios de recursos ocorridos entre 2020 e 2023. Embora o foco não fosse diretamente em Rodrigo Manga, os contratos analisados incluíam períodos sob sua gestão.

A operação apontava que contratos teriam sido direcionados a duas empresas e uma entidade assistencial ligadas a um ex-servidor da prefeitura. O ex-secretário Cláudio Pompeo, que ocupou o cargo de titular da Saúde no início da gestão de Manga, estava no centro das suspeitas. O caso segue em sigilo judicial, e novas fases da investigação não estão descartadas.

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