Acordo entre o União e PL pode esquentar disputa pela vice de Daniel Vilela
O apertar das mãos entre o União Brasil (União) e o Partido Liberal (PL) pode esquentar a disputa pela vaga de vice-governador do sucessor de Ronaldo Caiado (União) em Goiás, o seu atual vice, Daniel Vilela (MDB). A candidatura do emedebista para o governo de Goiás não é novidade. Foi amplamente divulgado nos últimos meses. Em uma entrevista concedida ao Jornal O Hoje, Vilela disse que não descartaria uma possível aliança com o PL. O ato público reconheceu a força e a expressividade do partido no estado. É interessante observar, que o MDB compõe a base caiadista e, portanto, fará parte de uma possível aliança.
Posteriormente, em uma manobra que não agradou alguns membros da sigla, o PL Goiás decidiu abandonar ação, que tinha condenado em primeira instância, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União), e Caiado a inelegibilidade por 8 anos e a cassação da chapa vitoriosa na eleição municipal (Mabel-Lira). No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) não acatou completamente a decisão e se opôs à cassação e à inelegibilidade. Entendeu que caberia apenas multa às irregularidades apresentadas.
O PL chegou a anunciar que iria recorrer nas instâncias superiores, mas acabou desistindo. Um interlocutor apontou que a ação não tinha a possibilidade de resultar em nada além de multa. Por esse motivo, prosseguir seria um desgaste desnecessário. Tanto financeiro, quanto político. Em outra perspectiva, outras fontes, próximas ao grupo governista e às lideranças do PL indicaram – como mostrou uma reportagem do Jornal O Hoje – que a desistência se deu em função de uma articulação movida nos bastidores. Afirmaram, também, que a decisão foi tomada com o objetivo de unir forças por “uma só direita”.
Mesmo que não resultasse em nenhuma pena pesada, o PL podia capitalizar a ação judicial. O que não aconteceu. Dessa forma, surgiu um questionamento: ‘a troco de quê’ o partido desistiu do caso? A conjectura corrente, nos bastidores, sugere que possa se formar uma aliança. Caso isso ocorra, o PL deve reivindicar da base governista, uma vaga ao Senado Federal, na chapa do Daniel. Tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já disse que o seu interesse é em estruturar as lideranças para formar o maior número de cabeças na câmara alta.
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Nessa situação, o PL indicaria alguém para uma das vagas da chapa caiadista e sobraria uma outra vaga, que, nesse caso, seria da Gracinha Caiado, esposa de Ronaldo Caiado. Sendo assim, restará aos outros grupos, dentre eles, o do Entorno de Brasília a briga apenas pela vaga de vice-governador de Daniel Vilela. Visto que, em uma chapa majoritária, como nas eleições de 2026, se tem vaga para governador, vice e duas vagas ao Senado. Dentro dessa elucubração, Daniel como governador, a Gracinha, a senadora na primeira vaga, e o indicado do PL, na segunda vaga, que pode ser o Major Vitor Hugo ou Gustavo Gayer. Ou seja, para a disputa dos outros grupos, a única vaga que está aberta é a de vice.
Em outros termos, especulações tomaram todos os cantos do cenário político goiano. Um acordo entre o União Brasil e o Partido Liberal, hoje, não parece tão distante. Antes da desistência, o grau de animosidade era excessivo entre as legendas. O conflito que existia se transformou durante a disputa ao paço nas eleições de 2024. O Mabel e Fred Rodrigues (PL) deflagaram uma eleição disputada. Por fim, o PL ingressou com uma ação contra Ronaldo Caiado, e a chapa adversária, por abuso de poder político.
O ranço anterior a essa situação, do PL contra a base caiadista, e o próprio gestor estadual, se deu no decorrer da pandemia da Covid-19 em que ‘estranhamentos’ de como lidar com a crise gerou ataques mútuos. O conflito ocorreu não somente nos meandros da política, mas em declarações públicas de ambos os lados. Na época, Jair Bolsonaro (PL) presidia o país e o Caiado, estava em seu primeiro mandato no governo de Goiás.