O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
cuidados

Alimentos perigosos: quando mal preparados, podem causar intoxicação

O feijão vermelho cru contém fitohemaglutinina, uma lectina tóxica capaz de causar vômitos

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 19 de maio de 2025
IMAGENS 2025 05 19T223608.396
Alimentos perigosos: quando mal preparados, podem causar intoxicação. | Foto: Reprodução/Istock

Nem todos os alimentos são seguros para o consumo imediato. Muitos exigem cuidados rigorosos de seleção, preparo e conservação, especialmente quando algumas de suas partes são tóxicas ou impróprias para ingestão. A negligência nesse processo pode causar desde sintomas leves, como náusea, até efeitos graves, como alucinações, paralisia respiratória e, em casos extremos, a morte.

Um dos exemplos mais notórios é o baiacu. Considerado um dos peixes mais venenosos do mundo, o animal marinho abriga a letal tetrodotoxina, substância altamente tóxico presente em órgãos como fígado, intestinos, pele, olhos e cérebro. Estima-se que sua toxicidade supere a do cianeto. 

Ainda assim, o baiacu, conhecido no Japão como fugu, é considerado uma iguaria. No país asiático, seu preparo é restrito a chefs altamente treinados, que passam anos aprendendo a remover corretamente as partes venenosas antes de servir o peixe cru, em fatias finíssimas, ou como ingrediente de sopas.

Mas os riscos alimentares não se limitam a animais exóticos. Alimentos do dia a dia, como o feijão vermelho e a soja, também exigem atenção. O feijão vermelho cru contém fitohemaglutinina, uma lectina tóxica capaz de causar dores abdominais e vômitos. Para neutralizá-la, recomenda-se deixar os grãos de molho por, no mínimo, 12 horas, além de enxaguá-los antes do cozimento. 

Já a soja, embora rica em proteínas e antioxidantes, contém inibidores naturais da tripsina, enzima essencial para a digestão. O preparo ideal exige o mesmo processo de imersão prolongada, seguido de fervura por uma hora e cozimento de mais duas a três horas.

Outro ingrediente comum que pode representar perigo é a noz-moscada. Amplamente utilizada em receitas doces e salgadas, a especiaria, quando consumida em grandes quantidades, pode provocar reações adversas graves, como náusea, confusão mental, falta de ar e convulsões. Casos de intoxicação são raros, mas seus efeitos costumam ser intensos e duradouros.

Moluscos crus, especialmente as ostras, também figuram na lista dos alimentos potencialmente perigosos. Como organismos filtradores, absorvem partículas da água onde vivem, o que inclui agentes patogênicos em ambientes contaminados. A ingestão de ostras mal conservadas ou de procedência duvidosa pode resultar em infecções gastrointestinais severas, com sintomas como febre, diarreia, vômitos e cólicas, podendo levar à morte em casos mais graves.

O polêmico queijo casu marzu, tradicional da Sardenha, produzido a partir do pecorino, contém larvas vivas de moscas que são intencionalmente inseridas no alimento. As larvas promovem a fermentação extrema do queijo, tornando seu interior quase líquido. Apesar de considerado um patrimônio cultural local por alguns, seu consumo é proibido em diversos países devido aos riscos à saúde.

A mandioca brava também merece atenção. Altamente tóxica, essa variedade de mandioca requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo para torná-la um alimento seguro, visto que libera cianeto de hidrogênio. Na América do Sul, onde seu consumo data de milhares de anos, as tribos desenvolveram um meticuloso processo de desintoxicação que envolve raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar por dois dias e, por fim, assar.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Veja também