Gestão Mabel vai na contramão do governo Caiado
Enquanto o governo estadual consolida protagonismo das pautas sociais, a prefeitura da Capital enfrenta críticas após impedir ação voltada a moradores em situação de rua
Uma das principais bandeiras da gestão do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é o Goiás Social, programa chefiado pela primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil), destinado a combater a vulnerabilidade social que assola parte dos goianos. Entretanto, a gestão do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), apadrinhado por Caiado nas eleições de 2024, parece caminhar na contramão das diretrizes da gestão estadual.
Gracinha passou a ser o rosto e uma das principais porta-vozes do governo estadual através da atuação no Goiás Social. Coordenando o programa, a primeira-dama alavancou seu protagonismo político, consolidando seu lugar na base caiadista. A atuação de Gracinha a credencia para disputar uma vaga no Senado Federal em 2026, representando a base governista. A primeira-dama tem amplo respaldo dos aliados do grupo que comanda o Palácio das Esmeraldas.
O trabalho social exercido por Gracinha é, além de importante para sua eventual candidatura à Casa Alta no próximo ano, peça central no quebra-cabeça das disputas eleitorais que estão no topo das prioridades do grupo governista. Para o vice-governador Daniel Vilela (MDB), que será candidato à reeleição do governo do Estado, e para Caiado, que é pré-candidato à Presidência da República, os feitos são importantes para, cada vez mais, os respectivos projetos políticos ganharem musculatura. Logo, em síntese, as pautas sociais que envolvem os goianos mais vulneráveis possuem espaço importante na agenda da gestão estadual.
Entretanto, a gestão de Mabel não parece estar em sintonia com o grupo governista nesse aspecto. No último fim de semana, agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) impediram que o projeto Banho Solidário — cujo objetivo é proporcionar higienização aos moradores em situação de rua da capital — atuasse na Praça Joaquim Lúcio, na região de Campinas. O projeto proporciona, além de banho para os moradores em situação de rua e um kit de higiene pessoal (sabonete, escova de dente e creme dental), dignidade para aqueles em situação desfavorável.
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Segundo relato dos voluntários, os agentes da GCM pediram para interromper a distribuição de kits de higiene, de roupas e de alimentos para os moradores em situação de rua do local. A justificativa é que, como decorrência dessas ações, o local se tornaria um ponto de aglomeração dessas pessoas em vulnerabilidade social.
O caso gerou revolta entre os voluntários do projeto social e levantou o debate quanto ao trabalho da Prefeitura de Goiânia na situação dos moradores de rua. Enquanto candidato ao Paço, Mabel prometia resolver a questão, porém agora as autoridades de sua gestão impedem um projeto social de trabalhar em favor dos cidadãos vulneráveis da capital.
O número de moradores em situação de rua em Goiânia, que avançou segundo as estimativas da Coordenação de Apoio Técnico Pericial do Ministério Público do Goiás (MP-GO), escancara o problema que deve ser enfrentado pela Prefeitura de Goiânia, que precisa urgentemente solucionar a questão sem desrespeitar as individualidades de cada goianiense que vive nas ruas. (Especial para O Hoje)