Anvisa aprova novo tratamento para câncer de bexiga
A nova abordagem é indicada para casos com invasão muscular e possível extensão local, em pacientes aptos à quimioterapia com cisplatina
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente um novo tratamento para o câncer de bexiga, capaz de reduzir em até 25% o risco de morte. A autorização é destinada ao manejo do tumor músculo-invasivo, responsável por aproximadamente um quarto dos casos da doença no Brasil.
O regime aprovado combina o imunoterápico durvalumabe com quimioterapia neoadjuvante, antes da realização da cistectomia radical, irurgia que remove completamente a bexiga, seguido da administração de durvalumabe em monoterapia após o procedimento. Trata-se da primeira combinação de imunoterapia e quimioterapia que comprovou benefícios expressivos na sobrevida dos pacientes.
Atualmente, o tratamento padrão envolve quimioterapia antes da cirurgia, mas metade dos pacientes ainda apresenta recidiva. O novo protocolo, no entanto, demonstrou reduzir em até 32% o risco de eventos relacionados à doença, oferecendo benefícios superiores aos alcançados com a quimioterapia isolada ou com a cirurgia.
O durvalumabe atua estimulando o sistema imunológico, promovendo a ativação dos linfócitos para combater as células tumorais de forma mais eficaz. A nova abordagem é indicada para pacientes com invasão muscular e, eventualmente, extensão para tecidos adjacentes, desde que sejam elegíveis à quimioterapia com cisplatina.
A aprovação baseou-se nos resultados do estudo de fase 3 “NIAGARA”, apresentados na ESMO, um dos principais congressos mundiais de oncologia, e publicados no periódico New England Journal of Medicine. A pesquisa revelou que, após dois anos, 82,2% dos pacientes tratados com a combinação estavam vivos, em comparação a 75,2% daqueles submetidos apenas à quimioterapia neoadjuvante.
O regime perioperatório com durvalumabe representa um avanço significativo, ao incorporar a imunoterapia nas fases iniciais do tratamento, quando ainda há potencial de cura. Além disso, o perfil de segurança da combinação manteve-se consistente com o uso isolado dos medicamentos, sem comprometer a realização da cirurgia ou aumentar as taxas de descontinuação por efeitos adversos.
A decisão da Anvisa redefine o padrão terapêutico para o câncer de bexiga músculo-invasivo, ampliando as possibilidades de controle da doença e oferecendo uma perspectiva mais favorável aos pacientes.
Sinais iniciais da doença
O sintoma mais frequente e, geralmente, o primeiro a surgir é a presença de sangue na urina, conforme aponta o National Cancer Institute (NCI). Esse sinal pode manifestar-se por meio de coloração rosada, avermelhada ou semelhante à cor de chá, mas também pode ser identificado apenas por exames laboratoriais.
Além disso, alterações no padrão de micção, como necessidade frequente de urinar e dor ao urinar, são descritas pela American Cancer Society como indicativos importantes.
Em mulheres, esses sinais são frequentemente confundidos com infecções urinárias comuns, o que reforça a necessidade de exames regulares para um diagnóstico preciso. Outros sintomas, menos frequentes, incluem dor na região pélvica ou lombar, que podem sugerir estágios mais avançados da enfermidade.
Perfil, fatores de risco e tratamento
O câncer de bexiga músculo-invasivo é caracterizado pela infiltração do tumor na parede muscular da bexiga, sem que haja disseminação para órgãos distantes. Trata-se de uma neoplasia de comportamento agressivo, com risco de progressão para metástases em aproximadamente 50% dos casos.
De acordo com projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, em 2025, o Brasil registre cerca de 11.370 novos casos da doença, sendo aproximadamente 7.870 em homens e 3.500 em mulheres. A maior incidência ocorre entre os 60 e 70 anos, com cerca de 90% dos diagnósticos realizados após os 55 anos de idade.
O principal fator de risco associado ao desenvolvimento desse tipo de câncer é o tabagismo, responsável por mais da metade dos casos. As substâncias tóxicas presentes no cigarro, ao serem filtradas pelos rins e armazenadas na bexiga, provocam danos celulares que favorecem o surgimento do tumor.
O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem, como ultrassonografia e cistoscopia, que possibilitam a visualização direta do interior da bexiga. O tratamento varia conforme o estágio e a agressividade da doença, podendo incluir cirurgia, quimioterapia, imunoterapia ou a combinação dessas modalidades terapêuticas.