CPI das Bets aponta Deolane como peça-chave em organização criminosa
Influenciadora é acusada de envolvimento com site investigado por apostas ilegais
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, incluiu o nome da advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra entre os pedidos de indiciamento encaminhados ao Ministério Público. O relatório final, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), aponta a influenciadora como suspeita de cometer diversas infrações penais, incluindo jogo de azar, estelionato, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
Acusação contra Deolane
Segundo o documento, Deolane teria mantido vínculo com a empresa Zeroumbet, mesmo após mudanças formais na estrutura societária da plataforma, ocorridas em novembro de 2024. Embora não figure mais oficialmente como sócia, a influenciadora teria continuado a representar a empresa em publicações promocionais. O relatório menciona, inclusive, a veiculação de anúncios em que Deolane afirmava que a plataforma possuía autorização legal para atuar em todo o território nacional.
Contudo, de acordo com a investigação parlamentar, a Zeroumbet obteve autorização apenas da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), o que limitaria sua operação ao território fluminense. A divulgação de uma autorização nacional inexistente, segundo o relatório, configuraria publicidade enganosa e operação irregular.

A CPI também apontou a possível utilização da Zeroumbet como meio de repasse financeiro de origem não comprovada. O texto levanta a hipótese de que a empresa teria ocultado a real participação de Deolane no comando das operações, valendo-se de intermediários e contratos de publicidade para disfarçar a origem e o destino de valores, o que pode caracterizar lavagem de dinheiro.
Em relação à acusação de organização criminosa, o relatório indica que Deolane mantinha relações contratuais e financeiras com outras empresas e pessoas já investigadas ou indiciadas por delitos semelhantes em operações da Polícia Federal e de Ministérios Públicos estaduais.
Apesar da gravidade das acusações, a CPI não possui competência para indiciar formalmente os envolvidos. O relatório, portanto, será encaminhado ao Ministério Público, que avaliará a existência de elementos suficientes para oferecer denúncia e iniciar eventual processo criminal.
A defesa da influenciadora não se manifestou até o momento da publicação desta reportagem.