Goiás começou a vacinar usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) contra a hepatite A. A medida segue orientação do Ministério da Saúde e busca ampliar a proteção desse grupo contra infecções que podem causar danos graves ao fígado. Atualmente, mais de 3,5 mil pessoas utilizam PrEP no estado e já podem procurar uma das unidades de referência para garantir o imunizante.

A vacinação está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), localizados no Hospital Estadual da Mulher (Hemu), em Goiânia, e no Hospital Estadual de Águas Lindas (Heal), no Entorno do Distrito Federal. Os municípios que ofertam PrEP também podem solicitar doses às regionais de saúde, ampliando o acesso em todo o estado.

A inclusão da vacina para esse público veio após o registro crescente de casos de hepatite A em adultos nos últimos anos, inclusive com surtos em grandes centros urbanos. Embora a doença, causada por um vírus, não evolua para formas crônicas, pode levar a sintomas graves e até falência hepática em casos mais severos. A transmissão ocorre principalmente por via fecal-oral, mas práticas sexuais que envolvem contato oro-anal também oferecem risco elevado de contaminação.

“A vacinação é fundamental para quem faz uso da PrEP, justamente pelo aumento desse risco em determinadas práticas sexuais. Nosso objetivo é garantir proteção mais ampla para esses usuários”, destacou a coordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Luciene Tavares.

Casos registrados

Desde 2014, a vacina contra hepatite A já faz parte do calendário básico do Sistema Único de Saúde (SUS), aplicada em crianças entre 12 meses e 5 anos. Esse programa garantiu queda expressiva nos números: Goiás registrou 75 casos em 2013 e apenas 14 em 2024. Mesmo assim, a circulação do vírus entre adultos reacendeu o alerta das autoridades sanitárias.

Entre 2023 e maio de 2025, Goiás confirmou 40 casos de hepatite A e um óbito. O esquema vacinal recomendado prevê duas doses, com intervalo mínimo de seis meses. “Quem recebeu só uma dose precisa completar a imunização. Quem já tomou as duas não precisa se vacinar novamente. Estamos abastecidos e prontos para atender quem procurar o serviço”, reforçou a gerente de Imunização da SES, Joice Dorneles.

Para receber a vacina, o usuário deve apresentar um documento oficial com foto e o comprovante de uso da PrEP, como prescrição médica ou a embalagem do medicamento.

Dados nacionais reforçam a importância da vacinação. O mais recente Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde revelou que, desde 2000, o Brasil notificou mais de 171 mil casos de hepatite A. As regiões Norte e Nordeste concentram a maioria dos registros, mas o Centro-Oeste também apresenta casos significativos.

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