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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Cultura

Teatro em miniatura ocupa praças de Goiânia com histórias de mulheres esquecidas

Projeto “Dramas ao Cubo”, da Cia. Nu Escuro, leva apresentações gratuitas ao ar livre com microteatros dentro de caixas lambe-lambe, promovendo o encontro entre memória, arte popular e espaços públicos

Luana Avelarpor Luana Avelar em 24 de junho de 2025
Dramas ao Cubo Foto Layza Vasconcelos

A Cia. de Teatro Nu Escuro, um dos grupos mais longevos da cena teatral goiana, encerra neste fim de semana a temporada de Dramas ao Cubo, espetáculo de teatro em miniatura que será apresentado gratuitamente em duas feiras populares de Goiânia. As sessões acontecem nesta sexta-feira (27), na Feira do Jacaré, no Setor Crimeia Oeste, e no domingo (29), na Feira das Nuvens, no Setor Coimbra, sempre às 18h. As apresentações integram o projeto de manutenção da companhia, contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, executada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás).

Com 29 anos de trajetória, a Nu Escuro escolheu retornar às praças e feiras da capital goiana como forma de resgatar o vínculo com seu público de origem. As apresentações fazem parte de um esforço de reapresentação do repertório histórico do grupo, que se prepara agora para a remontagem de O Alienista, prevista para estrear ainda em 2025.

Dramas ao Cubo, dirigido por Izabela Nascente, mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG), é composto por uma série de micropeças encenadas em caixas do tipo lambe-lambe. Cada caixa funciona como um pequeno palco individual: o espectador observa a encenação por um visor, com trilha e narração transmitidas por fones de ouvido. As histórias — todas centradas em figuras femininas reais ou ficcionais — têm duração de até dois minutos e revelam recortes íntimos e políticos de vidas silenciadas ou marginalizadas pela história oficial.

Na sexta-feira, duas caixas do projeto principal serão apresentadas: Carolina, com Milena Jezenka, e Julieta, com Lázaro Tuim. O público também poderá assistir a três caixas de artistas convidados: O destino de Croquete, com o palhaço Bulacha; O mestre tocador, de Gustavo Vale; e Babi e o umbigo, encenado por Talita Barbosa. No domingo, o repertório se amplia com cinco caixas da companhia: além de Carolina e Julieta, o público poderá conhecer Rosa, com Hélio Froes; Elza, com Izabela Nascente; e Xamego, com Adriana Brito.

O formato de teatro lambe-lambe, originado na América Latina, tem ganhado força como dispositivo artístico de aproximação direta entre ator e espectador. A escolha por histórias femininas resgata um dos principais eixos de pesquisa do grupo: a valorização de trajetórias invisibilizadas pela narrativa histórica dominante. O projeto também dialoga com uma tendência de descentralização cultural, levando arte de qualidade a espaços não convencionais e promovendo encontros intergeracionais em territórios populares.

A experiência estética promovida pelo espetáculo se insere em um contexto mais amplo de fomento à cultura como política pública. Segundo dados do Ministério da Cultura, mais de 2.600 projetos em todo o país já foram viabilizados pela nova Política Nacional Aldir Blanc desde sua regulamentação em 2023, com foco em manutenção de grupos, descentralização territorial e valorização de linguagens tradicionais e inovadoras.

Com linguagem acessível e profunda carga poética, Dramas ao Cubo é também um convite ao exercício da escuta e da atenção, em contraste com a velocidade que marca o cotidiano digital. Ao levar suas caixas às feiras e ao ar livre, a Cia. Nu Escuro reafirma a potência do encontro presencial como espaço de resistência, memória e afeto.

 

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