Por que o Corinthians renovou com a Nike e recusou proposta da Adidas
Diretoria do Timão acredita que contrato seja um dos melhores do Brasil
Após meses de negociação, o Corinthians anunciou a renovação de contrato com a Nike até o fim de 2035, encerrando as especulações sobre uma possível troca para a Adidas. A decisão foi tomada na noite da última terça-feira (24), após avaliação conjunta entre a presidência interina, departamentos do clube e conselhos internos.
Embora as propostas financeiras fossem semelhantes, a diretoria optou por permanecer com a Nike, considerando não apenas os valores fixos, mas também fatores logísticos, comerciais e, principalmente, jurídicos.
Contrato e valores
A Nike se comprometeu a pagar R$ 59 milhões fixos por ano ao Corinthians, com reajuste anual pelo IPCA — algo ausente no contrato anterior. Já a Adidas oferecia cerca de R$ 55 milhões anuais, dos quais R$ 35 milhões seriam royalties fixos, sem correção inflacionária.
Com bonificações e variáveis, o novo contrato com a Nike pode render até R$ 1,3 bilhão ao longo dos dez anos. Internamente, o clube trabalha com uma estimativa mais conservadora, em torno de R$ 1,1 bilhão. Parte desse valor será antecipada para aliviar o caixa do clube ainda em 2025, embora a quantia exata não tenha sido divulgada.
Distribuição e produtos
Uma das principais reclamações dos torcedores era a escassez de produtos oficiais nas lojas. O novo acordo pretende resolver isso: a Nike garantiu um mínimo de R$ 38 milhões anuais em royalties, quase o dobro do contrato anterior. Para garantir retorno, a fornecedora terá mais interesse em abastecer o mercado com artigos do clube.
O Corinthians também ampliou o volume de produtos recebidos. A cota anual subirá para cerca de 60 mil peças (equivalente a R$ 15 a R$ 20 milhões), contra os R$ 4 milhões de produtos previstos no contrato anterior. Em 2024, o clube já havia ultrapassado o limite anterior, consumindo cerca de R$ 14 milhões.
Outro diferencial foi a flexibilidade da Nike em permitir que o clube lucre mais com a venda de itens licenciados por outras empresas, como bonés e chinelos. A fornecedora também prometeu reforçar a distribuição internacional — relevante para o posicionamento da marca do Corinthians fora do Brasil.
Questões jurídicas pesaram na escolha
O fator determinante para o Corinthians não fechar com a Adidas foi o risco jurídico envolvido. A Nike havia acionado uma cláusula de renovação automática até 2029 por meio da Fisia, distribuidora da marca no Brasil. O clube contestava a validade dessa cláusula, mas temia uma disputa judicial que poderia custar mais de R$ 100 milhões.
A diretoria tentou transferir essa responsabilidade para a Adidas, que recusou assumir qualquer eventual custo. Com o clube já enfrentando processos judiciais e dificuldades financeiras, a opção foi seguir com a Nike para evitar mais riscos legais.
Além disso, surgiu um possível intermediário nas tratativas com a Adidas nos últimos dias, desconhecido pela atual gestão. Esse fator aumentou o nível de incerteza e reforçou a decisão de seguir com a parceira histórica.
Parceira do Timão desde 2003, a Nike é atualmente a única fornecedora de material esportivo de um clube da Série A. A empresa norte-americana considera o Corinthians sua principal aposta no futebol brasileiro. A partir de 2026, Atlético-MG e Vasco também passarão a ser atendidos pela marca.
Com o novo contrato, a diretoria corintiana acredita ter firmado um dos acordos mais vantajosos do país no setor, ao lado do Flamengo, patrocinado pela Adidas.