Dia da Saúde Ocular alerta para riscos invisíveis aos olhos
Doenças silenciosas, excesso de telas e estética sem respaldo médico ameaçam a saúde da visão e exigem atenção preventiva
Comemorado em 10 de julho, o Dia da Saúde Ocular destaca a importância dos cuidados com a visão e reforça a necessidade de prevenção contra doenças oculares, cuja incidência tem aumentado significativamente. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que até 2050, cerca de 50% da população mundial poderá ser afetada pela miopia. Já a Associação Mundial do Glaucoma alerta que aproximadamente metade das pessoas com a doença não sabe que tem, o que dificulta o diagnóstico precoce e agrava o risco de cegueira.
Especialistas chamam atenção para o uso excessivo de telas, a automedicação e a popularização de procedimentos estéticos sem respaldo científico. No consultório oftalmológico, queixas como olho seco, miopia e hipermetropia tornaram-se frequentes. A exposição prolongada a celulares e computadores, especialmente em ambientes com baixa umidade, agrava sintomas e acelera o surgimento de problemas como catarata e degeneração macular. A recomendação médica é reduzir o tempo de tela, fazer pausas regulares e manter consultas oftalmológicas periódicas, que devem variar conforme a idade, histórico familiar e presença de doenças crônicas.
O avanço de técnicas cirúrgicas tem tornado os tratamentos oftalmológicos mais seguros e eficazes, especialmente no combate ao glaucoma e na correção de grau. No entanto, profissionais reforçam que a prevenção ainda é o caminho mais eficiente. Exames de rotina possibilitam a detecção precoce de alterações visuais silenciosas, que muitas vezes só são percebidas em estágios avançados, quando há perda significativa da visão.
Nos últimos anos, aumentou também o número de intervenções estéticas nos olhos, como a ceratopigmentação; técnica que insere pigmentos na córnea para mudar a cor dos olhos. Embora comercializada como segura em redes sociais, a prática é considerada de altíssimo risco por oftalmologistas. A córnea, por ser transparente, é fundamental para a passagem da luz até a retina. Quando pigmentada, perde essa transparência e compromete a visão. Além disso, há o risco de perfuração da córnea, necessidade de transplante e dificuldade na realização de cirurgias futuras, como a de catarata, que exige boa visibilidade das estruturas internas do olho.
O médico oftalmologista Artur Seabra esclarece que existem técnicas intraoculares e extraoculares para alteração da cor dos olhos. As intraoculares, que interferem diretamente no interior do olho, podem obstruir a malha trabecular, estrutura que filtra o humor aquoso. Se essa drenagem for comprometida, a pressão intraocular se eleva, provocando o glaucoma e danificando o nervo óptico. Já as técnicas externas, como a ceratopigmentação, afetam diretamente a córnea e oferecem risco elevado de complicações cirúrgicas.
Segundo o especialista, essas técnicas só são indicadas em casos muito específicos, como em pacientes que já perderam completamente a visão de um dos olhos. Ele reforça: “Ainda não tem cirurgia liberada em nenhum país até onde eu sei. O FDA não liberou, na Europa não liberou, no Brasil a Sociedade Brasileira de Oftalmologia não libera. São procedimentos proibitivos, que geram risco de perfuração, cegueira, inflamação, descolamento de retina, risco de diversas coisas”.
Outro alerta recente sobre os perigos de práticas sem respaldo profissional veio à tona em junho . Uma mulher relatou ter ficado cega após utilizar um produto cosmético da linha da influenciadora digital Virginia Fonseca. A suposta vítima contou que, após aplicar o item, teria sentido ardência intensa e passado a enxergar de forma turva. A fabricante retirou o produto do mercado, mas o caso acendeu um debate sobre a segurança de produtos estéticos para os olhos e a necessidade de regulamentação rigorosa. Até o momento de fechamento da edição a marca Wepink, não se pronunciou oficialmente sobre o incidente.
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