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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Goiás vira vitrine da tilapicultura; peixe já é a proteína que mais cresce no Brasil

Estado cresce 3,4% e chega a 12,5 mil toneladas de tilápia por ano

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 15 de julho de 2025
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Brasil alcança 968 mil toneladas de peixe cultivado e Goiás embarca 76,3 toneladas de tilápia

A tilapicultura, ramo da piscicultura voltado à criação da tilápia, tornou-se a cadeia produtiva de proteína animal com maior taxa de crescimento percentual no Brasil nos últimos anos. Com média superior a 10% de expansão anual na última década, o setor tem ganhado destaque nacional e internacional, impulsionado por avanços tecnológicos, condições climáticas favoráveis e crescente demanda de consumo. Goiás, com um cenário estratégico de produção, vem consolidando sua posição como um dos polos emergentes da atividade no país.

Em 2024, o Brasil atingiu a marca histórica de 968 mil toneladas de peixes de cultivo, superando o Chile e assumindo a liderança continental na produção aquícola. Desse total, a tilápia representa a principal espécie cultivada, beneficiada por sua adaptabilidade, rapidez no ciclo de engorda e aceitação no mercado interno e externo. A proteína é reconhecida por seu preparo fácil, sabor leve e valor nutricional, características que conquistaram consumidores em diversas regiões do mundo.

Goiás cresce e se consolida como polo da tilapicultura

Em Goiás, os resultados têm refletido esse crescimento nacional. De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) de 2023, divulgada pelo IBGE, o estado produziu 12,5 mil toneladas de tilápia, um aumento de 3,4% em relação ao ano anterior. A atividade já está presente em 176 municípios goianos, com destaque para as regiões Norte, Sul e Sudoeste.

Niquelândia lidera a produção estadual, com 4 mil toneladas, seguida por Inaciolândia e Quirinópolis, que registraram 1,5 mil toneladas cada. Inaciolândia apresentou crescimento de 9,1% em relação a 2022. Esses números reforçam o avanço da cadeia produtiva no interior goiano, impulsionada por políticas públicas e iniciativas de incentivo à produção rural.

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Com produção presente em 176 municípios e 12,5 mil toneladas por ano

PAA inclui tilápia e fortalece agricultura familiar

Um dos marcos recentes desse fortalecimento foi a decisão do Governo de Goiás de incluir a tilápia entre os produtos adquiridos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A medida, adotada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), visa integrar a produção local ao consumo institucional, estimulando a agricultura familiar e promovendo segurança alimentar.

“Essa iniciativa contribui para promover a segurança alimentar, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento regional com base na piscicultura”, informou a Seapa em nota oficial.

Além das compras públicas, o estado conta com 39 agroindústrias registradas para o processamento de pescado: 6 com inspeção municipal (SIM), 28 com inspeção estadual (SIE) e 5 sob inspeção federal (SIF). Essa estrutura tem viabilizado não apenas a ampliação do mercado interno, mas também a participação no comércio exterior.

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Tilapicultura transforma o interior de Goiás

Exportações de pescado crescem e tilápia goiana ganha o mundo

As exportações de pescado goiano cresceram de forma significativa. Em 2024, Goiás embarcou 76,3 toneladas, gerando receita de US$ 472,8 mil. Entre fevereiro e maio de 2025, o estado registrou seu maior volume exportado para o período: 30,9 toneladas, consolidando a presença da tilápia goiana no mercado internacional.

Segundo especialistas do setor, o avanço da atividade é favorecido por fatores como clima estável, boa qualidade hídrica e disponibilidade de áreas para expansão da produção. Além disso, a tilápia é considerada uma espécie de fácil manejo e com ciclo produtivo curto, permitindo até uma safra e meia por ano.

“Ela é conhecida como o ‘frango aquático’ pela facilidade de engorda e adaptabilidade aos diferentes sistemas de cultivo”, explicou um técnico da Seapa. Outro fator decisivo é a aceitação do consumidor moderno, que busca alimentos práticos, saudáveis e versáteis.

Setor enfrenta desafios com energia e insumos

Apesar dos bons resultados, a atividade ainda enfrenta desafios estruturais, principalmente em relação aos custos de energia e insumos. No modelo intensivo, é necessário manter aeradores em funcionamento contínuo, o que eleva significativamente o consumo de energia elétrica, especialmente em áreas rurais com baixa estabilidade de fornecimento.

Além disso, a ração representa até 60% dos custos de produção, o que exige gestão rigorosa e estratégias de eficiência. Outro entrave importante está relacionado às outorgas de uso da água. Como muitas das grandes produções se situam em lagos federais, como em Niquelândia e Quirinópolis, os produtores precisam de autorizações específicas da União para operar legalmente.

Incertezas no comércio internacional preocupam setor

Em nível nacional, o setor enfrenta ainda incertezas no comércio internacional. A recente decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o pescado, preocupa entidades do setor. Somente em 2024, 89% das exportações brasileiras de peixes de cultivo foram destinadas ao mercado norte-americano, movimentando cerca de R$ 290 milhões.

Em nota, entidades ligadas à piscicultura destacaram que a medida pode comprometer contratos, travar embarques e afetar diretamente a geração de empregos. Em apenas um dia, 58 contêineres com mil toneladas de peixes deixaram de embarcar após o anúncio das novas tarifas.

Ainda assim, o setor aposta no investimento em tecnologia, genética, nutrição e sanidade animal para manter o crescimento sustentável. O Brasil já conta com uma das tilapiculturas mais tecnológicas do mundo, com produtividade até duas vezes superior à média global, resultado direto da inovação em todas as etapas da cadeia produtiva.

Para os próximos anos, o setor aquícola brasileiro mira posições de liderança mundial, com planejamento estratégico e foco em mercados internos e externos. Goiás, por sua vez, segue fortalecendo políticas públicas para dar suporte ao crescimento da tilapicultura, uma atividade que gera emprego, renda e segurança alimentar em diversos municípios.

 

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