Mosquitos com bactéria são usados contra a dengue em Goiás
Método Wolbachia, apoiado pela OMS e já testado com sucesso em outros países, será usado como reforço nas ações de combate ao Aedes aegypti
Goiás inicia uma nova fase no combate à dengue. Com apoio do Governo do Estado, Valparaíso e Luziânia vão aplicar, a partir do segundo semestre de 2025, o Método Wolbachia, uma tecnologia inovadora que utiliza mosquitos Aedes aegypti infectados com uma bactéria natural capaz de bloquear a transmissão de dengue, zika e chikungunya.
A estratégia, conduzida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) em parceria com as prefeituras, consiste na liberação dos chamados “Wolbitos”, mosquitos que carregam a bactéria Wolbachia. Ao se reproduzirem, eles transmitem a bactéria para seus filhotes, fazendo com que a maior parte da população de mosquitos da região se torne incapaz de transmitir os vírus. A ação será complementar às medidas tradicionais de prevenção.
Embora o número de casos tenha caído em comparação com o ano passado, os dados ainda preocupam. Em 2025, Goiás já notificou mais de 123 mil casos prováveis de dengue, com 72 mil confirmações e 53 mortes. A subsecretária de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, reforça a importância da prevenção. “Mesmo com os Wolbitos, os criadouros precisam continuar sendo eliminados”, alerta.
O método é seguro, não envolve modificação genética e não representa risco para a saúde humana ou o meio ambiente. A Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos insetos do planeta. A tecnologia é validada por estudos científicos e recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A expectativa é que os primeiros resultados sejam sentidos já na próxima estação de transmissão. Em locais como Niterói (RJ), onde o método já foi implantado, a redução nos casos de dengue chegou a 70%.
A ação é coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde e a empresa Wolbito do Brasil, que possui a maior biofábrica de mosquitos Wolbachia do mundo.
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