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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Arte

Wirley Contaifer, voz de Tom Holland em Homem Aranha, comenta sobre dublagem brasileira

O dublador fala, em entrevista exclusiva ao O Hoje, sobre sua carreira e os desafios da dublagem no Brasil

Eduarda Leitepor Eduarda Leite em 21 de julho de 2025
Dublagem
Wirley Contaifer, dublador do Tom Holland em homem aranha, fala sobre carreira e desafios da dublagem no Brasil (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Wirley Contaifer, o artista carioca que iniciou a carreira aos 14 anos de idade, completa neste ano 20 anos de dublagem. Ao longo de sua jornada, o artista se fez presente no imaginário do público dando “voz brasileira” a diversos personagens, como Peter Parker (Homem Aranha) interpretado por Tom Holland, Michelangelo em As Tartarugas Ninja e Belson, de Clarêncio, o otimista. 

“Quando eu descobri que dar voz aos personagens e possibilitar que mais pessoas acessem outros tipos de cultura era uma função, eu tive certeza que deveria fazer parte disso”, diz o dublador. 

 

Desvalorização da dublagem brasileira

Wirley Contaifer conta que um dos incentivos para investir na profissão foi a necessidade familiar. Durante entrevista exclusiva ao O Hoje, o dublador conta que seu irmão, uma pessoa autista, possui dificuldade para acompanhar legendas em produções estrangeiras. 

“Não só para o meu irmão, mas para todos aqueles que possuem alguma condição que dificulte, de algum modo, o acesso a cultura, a dublagem é um instrumento de integração, e mesmo assim não é valorizada. Ela é uma via revestida de preconceito em um país que não valoriza o nacional, mas continua sendo essencial”, pontua Wirley.   

Atualmente, está em vigor no portal do Senado Federal uma votação a favor da defesa dos direitos da dublagem brasileira. Após votação popular com mais de 20 mil assinaturas GOV dentro de um mês, o projeto “Diga ‘SIM!’ à proteção da dublagem brasileira foi considerada pelo órgão federal. O plano recebe apoio da Associação de Dubladores Dário de Castro, da qual Wirley afirma apoiar. 

O goiano Linniker Godoi se considera fã da dublagem brasileira e votou a favor na consulta pública. Segundo ele, o trabalho dos dubladores brasileiros não recebe o devido reconhecimento, e isso pode prejudicar o desenvolvimento dessa arte no país. “Aqui no Brasil muitas pessoas acabam tendo preconceito de ver filme dublado. Acho que as pessoas deveriam entender que dublar algo, não é imitar um personagem, mas sim interpretar, isso exige um preparo profissional”, diz Linniker.

 

Dublar “torna” personagens brasileiros

Durante a entrevista exclusiva, Wirley revela que Marcelo Gastaldi, dublador dos personagens mexicanos Chaves e Chapolin, foi a primeira morte de ídolo que ele experimentou. “Ele era um exemplo de naturalidade, fez um produto mexicano parecer portugês brasileiro”.

Seguindo essa linha, Wirley comenta que trazer a brasilidade à um personagem por meio da dublagem pode ser um processo desafiador. “A partir de um elemento que já existe, você tem que expressar o original, mas com a carga emocional do nosso brasileiro dia a dia. Isso faz parte de tornar um personagem carismático, de um jeito que fica na memória do público”. 

A exemplo disso, o dublador menciona o personagem Seu Madruga, do seriado de comédia mexicano Chaves. “Apesar do programa ser de outro país, você tem alguma dúvida que o Seu Madruga é brasileiro? Um cara trabalhador, que deve um negócio e fala que vai pagar, paga quando dá… é uma brasilidade que a dublagem consegue trazer”.

 

Sentimentos por trás da dublagem

Para Wirley, a dublagem é um trabalho missionário de cultura. Segundo ele, a profissão é uma missão de alta carga de responsabilidade, e pode ser desafiadora em muitos aspectos. “Na dublagem você toma a função de falar, às vezes, o que não é sobre você, não representa você, mas ainda é você pelo instrumento de voz. E ainda tem que fazer isso transmitindo os sentimentos do personagem”, diz o artista. 

“A dublagem não espera que você esteja pronto. Ela não espera você estar feliz para transmitir felicidade, estar triste ou qualquer outra coisa. Você vive pelo outro, morre pelo outro, mata, nasce e viaja”, diz Wirley. Por conta da complexidade emocional envolvida na dublagem, Wirley afirma que a entrega necessária para interpretar é completamente consumidora.

“Já aconteceu de eu sair de uma sessão de dublagem completamente nocauteado emocionalmente, é algo que toma conta da gente. Mas é disso que eu gosto. Eu sou apenas um homem, uma poeira cósmica, mas consigo ser infinito por meio da dublagem”, compartilha o artista.

 

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