Senadores dos EUA acusam Trump de “abuso de poder” contra o Brasil
Grupo de parlamentares denuncia medida que ameaça empregos americanos e soberania brasileira
Onze senadores norte-americanos, do Partido Democrata, encaminharam uma carta formal ao presidente Donald Trump, nesta sexta-feira (25). Opositores do governo Trump, os parlamentares denunciaram o “claro abuso de poder” presente na ameaça do presidente em taxar em 50% os produtos brasileiros a partir de agosto.
“Escrevemos para expressar preocupações significativas sobre o claro abuso de poder presente em sua recente ameaça de lançar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça de tarifas do seu governo claramente não tem esse objetivo”, diz um trecho do documento. A carta é uma iniciativa de Jeanne Shaheen, senador por Nova Hampshire, e Tim Kaine, de Virgínia. Ambos integram a Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA.
Os senadores destacam que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil desde 2007, contrariando os argumentos de déficit que justificariam a tarifação. “Os EUA importam mais de US$ 40 bilhões por ano do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio EUA-Brasil sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido à ameaça de tarifas elevadas”, afirmaram os parlamentares.
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Os senadores também criticam a “interferência ao sistema jurídico de uma nação soberana”, alegando que isso estabelece um “precedente perigoso”, em relação às justificativas de Trump que envolvem o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O senhor Bolsonaro é cidadão brasileiro e está sendo processado nos tribunais brasileiros por supostos atos sob jurisdição local. Ele é acusado de tentar minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e planejar um golpe de Estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um grave abuso de poder, enfraquece a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região”, ressalta a carta.