Lula aposta em Minas como peça-chave para 2026 e quer Pacheco candidato
Petista visitou o Estado 5 vezes nos últimos 4 meses. Segundo maior colégio eleitoral do País, nenhum presidente foi eleito sem vencer por lá desde a redemocratização
Com as movimentações em torno da disputa pelo Palácio do Planalto em andamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparenta não perder tempo nas articulações e acenos políticos. Na última semana, voltou a Minas Gerais — a quinta visita ao Estado nos últimos quatro meses. A ida para Minas não é à toa. É estratégica, sobretudo diante dos cenários projetados para 2026.
Desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos venceram em Minas Gerais. O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do País, com mais de 16 milhões de eleitores, e costuma ter uma divisão de votos similar ao resultado nacional. A importância do Estado e os últimos resultados das eleições refletem a ofensiva de Lula.
O petista venceu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em solo mineiro na disputa de 2022. Porém, para o governo estadual, Romeu Zema (Novo) foi reeleito com sobras, ainda no 1º turno. Em 2018, o nome do PT para Minas era o ex-governador Fernando Pimentel, que sequer chegou ao segundo turno.
Para enfrentar a direita mineira em 2026, Lula tenta emplacar o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como candidato ao Executivo estadual. Desde que deixou a presidência do Senado no início do ano, Pacheco é o principal cotado para ser o nome do chefe do Planalto para o governo estadual.
O nome do senador também é especulado para uma possível vaga para o Supremo Tribunal Federal (STF). Vez ou outra, especulações sobre uma possível aposentadoria do presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, ganham força. Barroso pode permanecer na Corte até 2033, quando se aposenta compulsoriamente por atingir a idade máxima de 75 anos. Porém, uma possível saída em setembro, quando acaba seu período na presidência do Supremo, é possível. Dessa forma, uma vaga na Suprema Corte estaria vaga para uma indicação de Lula.
Essa, porém, é a possibilidade mais remota. Em primeiro lugar, porque a saída de Barroso da Corte ainda está no campo dos rumores. Em segundo, porque Pacheco teria uma forte concorrência, como, por exemplo, Jorge Messias, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
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Caminho mais provável de Pacheco
Por essas e outras que o caminho mais provável de Pacheco é tentar suceder Zema no comando de Minas. Entretanto, o cenário ainda é pouco animador. Nas pesquisas de intenção de voto, o parlamentar não figura no topo, atrás de nomes como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (Republicanos), e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Por falar em Nikolas, o expoente do bolsonarismo — talvez o maior deles para além do ex-presidente — é motivo de preocupação para os petistas. Em 2022, os 1.492.047 votos fizeram de Nikolas o deputado mais bem votado do País e o 3º mais votado da história. Para 2026, seu formato viral nas redes promete ser uma das principais armas do PL, sobretudo em Minas.
A expressividade eleitoral do deputado do PL pode atrapalhar os planos de Lula e do PT no Estado — em todos os níveis. Caso dispute o governo estadual, é favorito para vencer. Se disputar o Senado ou a Câmara novamente, tende a ser eleito com o pé nas costas. Independente do que disputar, será opositor ferrenho a Lula nos palanques mineiros. (Especial para O Hoje)