Centrão aguarda crise de Trump e desgaste de Bolsonaro para decidir rumo
Partidos da base de Lula avaliam cenário com cautela e mantém no radar possível desembarque do governo; Tarcísio ainda é nome favorito da direita
Os cinco partidos de centro e direita que integram a coalizão do governo Lula (PT) decidiram adotar uma postura de espera diante da crise diplomática causada pela sobretaxa anunciada por Donald Trump e do cerco judicial de Alexandre de Moraes a Jair Bolsonaro. A ordem, por ora, é não se movimentar — mas o sinal de alerta está aceso.
Lideranças dessas siglas reconhecem que Bolsonaro e aliados próximos estão isolados, mas avaliam que ainda não é hora de romper com Lula. Internamente, discute-se a possibilidade de desembarque do governo, mas há divergências quanto ao momento ideal. Um fator determinante será a popularidade do presidente, que mostra sinais de recuperação.
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Enquanto isso, a direita busca um nome viável para 2026. Apesar do desgaste com a imagem do boné “MAGA” durante a crise com Trump, Tarcísio de Freitas (Republicanos) continua sendo a aposta número um do centrão. Ainda assim, há quem defenda que ele dispute a reeleição em São Paulo, abrindo espaço para outro nome encabeçar a chapa, com apoio, mas sem o sobrenome Bolsonaro.
O União Brasil e o PP, que juntos controlam quatro ministérios e cargos estratégicos como a Caixa, devem oficializar em agosto a federação União Progressista. O evento marcará o início das discussões sobre permanência ou saída do governo. Ciro Nogueira (PP) pressiona por um rompimento imediato, mirando uma vaga de vice com Tarcísio, mas parte da base prefere aguardar até abril, quando o cenário estará mais definido.
No Planalto, a percepção é de que parte da pressão do centrão é retórica. A estratégia do governo é manter alianças locais e negociar apoios informais, mesmo diante de um possível rompimento formal das siglas.