ONU afirma que a fome atinge nível mais grave em Gaza
A organização afirma que a fase 5 da crise alimentar representa uma catástrofe humanitária
A situação humanitária na Faixa de Gaza atingiu o nível mais crítico segundo a Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC), da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO). O território entrou na fase 5, definida como “catástrofe humanitária”, em relatório divulgado nesta terça-feira (29).
“Crescentes evidências mostram que a fome generalizada, a desnutrição e as doenças estão provocando um aumento nas mortes relacionadas à fome”, afirma o documento. Dados recentes indicam que a desnutrição aguda em Gaza ultrapassou os critérios de emergência. “Os limiares de fome foram atingidos em relação ao consumo de alimentos na maior parte da Faixa de Gaza e em relação à desnutrição aguda na Cidade de Gaza.”
Na prática, a fase 5 significa que pelo menos 20% das famílias enfrentam falta extrema de alimentos, com 30% das crianças sofrendo de desnutrição aguda ou 15% da população apresentando desnutrição aguda global, agravada por fatores como falta de acesso a água potável. Em julho, a Cidade de Gaza atingiu 16,5% de desnutrição aguda, superando o limiar estabelecido pela FAO. Também há registro mínimo de duas mortes por dia, não relacionadas a traumas, para cada 10 mil habitantes.
Em maio, projeções já apontavam que toda a população de Gaza enfrentaria altos níveis de insegurança alimentar, incluindo meio milhão de pessoas em situação de fome extrema. Apesar disso, apenas na última sexta-feira (25) Israel voltou a permitir entrada de alimentos por via aérea.
Ainda na terça-feira, durante conferência, a ONU defendeu a Solução de Dois Estados como “único caminho” para a paz e anunciou o plano de uma missão internacional em Gaza após um cessar-fogo. A proposta, assinada por países como França, Arábia Saudita, Brasil e Reino Unido, defende a unificação de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental sob um governo da Autoridade Palestina.
O grupo propôs a criação de um comitê de transição que assuma após o fim do conflito e exigiu o desarmamento do Hamas. Os Estados Unidos criticaram a conferência. “Longe de promover a paz, a conferência prolongará a guerra”, afirmou a porta-voz Tammy Bruce.