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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Tragédia

Funcionário da Voepass relata ‘remorso desgraçado’ por não formalizar falha em relatório

O voo, que partiu de Cascavel (PR) com destino ao aeroporto de Guarulhos (SP), caiu a cerca de 80 km do destino final, matando todos os 58 passageiros e 4 tripulantes

Maria Eduarda Leãopor Maria Eduarda Leão em 4 de agosto de 2025
voepass funcionário
| Foto: divulgação

Uma falha no sistema de degelo do avião ATR 72-500 da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) em agosto de 2024 matando 62 pessoas, já havia sido identificada horas antes da tragédia. A informação veio à tona após reportagem do Fantástico, da TV Globo, neste domingo (4).

Segundo um ex-funcionário da companhia, o comandante que operou a aeronave na madrugada anterior ao voo 2283 relatou verbalmente problemas no sistema de degelo, mas não formalizou a falha no diário de bordo. Sem o registro, o avião foi liberado para decolar. O voo, que partiu de Cascavel (PR) com destino ao aeroporto de Guarulhos (SP), caiu a cerca de 80 km do destino final, matando todos os 58 passageiros e 4 tripulantes.

Ainda de acordo com o depoimento, o avião apresentava outras irregularidades antes do acidente. Uma comissária chegou a relatar, semanas antes, a presença de gelo em torno da porta de serviço, devido à vedação comprometida. O equipamento, portanto, não estava apto a voar sob condições meteorológicas com formação de gelo, como indicava o boletim do dia, que alertava para acúmulo de gelo em diversos níveis da rota.

Em uma gravação feita cerca de um mês após a queda, dois funcionários da manutenção, sem saber que estavam sendo gravados, lamentaram o ocorrido. Um deles afirma estar com “remorso desgraçado” e admite: “Errei, errei de não ter mandado por escrito”. O outro orienta: “Printa, manda pro teu celular, guarda isso daí”, sugerindo reunir provas.

A aeronave decolou às 11h58. Minutos antes, Eduarda Hubner recebeu uma última mensagem dos pais, Nélvio e Gracinda, que estavam a bordo para assistir a um show em São Paulo. Entre as vítimas, também estavam o agrônomo Hiáles e sua esposa Daniela, fisiculturista com viagens marcadas aos Estados Unidos.

Segundo Luiz Cláudio de Almeida, ex-comandante de aviões ATR na Voepass, as condições daquele dia eram especialmente críticas. Embora o sistema de degelo tenha sido acionado três vezes durante o voo, a aeronave não seguiu as orientações previstas em manual, como a redução de altitude para evitar o acúmulo de gelo. O avião perdeu sustentação ao fazer uma curva durante a aproximação para pouso.

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