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sábado, 6 de dezembro de 2025
Emagrecimento

Canetas nacionais para emagrecimento e diabetes chegam às farmácias e exigem prescrição

Produzidas pelas EMS, as canetas Linux e Olire prometem ampliar o acesso ao tratamento de obesidade diabetes tipo 2

Anna Salgadopor Anna Salgado em 5 de agosto de 2025
Canetas nacionais para emagrecimento e diabetes chegam às farmácias e exigem prescrição
Foto: Divulgação/EMS

As farmácias brasileiras começam nesta semana a vender os primeiros medicamentos injetáveis para emagrecimento e controle da diabetes fabricados no País. As canetas Lirux e Olire, produzidas pelo laboratório EMS em Hortolândia (SP), marcam o início da fabricação nacional de uma classe de medicamentos baseada na liraglutida, um princípio ativo já conhecido nos produtos importados Saxenda e Victoza.

A Lirux será indicada para tratamento de diabetes tipo 2, com dosagem de até 1,8 mg. Já a Olire, voltada ao combate da obesidade, terá dosagem de até 3 mg. Os preços devem variar entre R$ 300 e R$ 700 por caixa, dependendo da versão, com uma, duas ou três canetas. A estratégia da EMS de oferecer embalagens menores busca facilitar a adesão de novos pacientes, permitindo que testem a resposta ao medicamento com menor investimento inicial.

Autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2024, a produção nacional promete tornar mais acessível um tratamento que até então era restrito a uma parcela da população. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 41 milhões de brasileiros estão acima do peso e quase 10 milhões convivem com diabetes tipo 2. A iniciativa da EMS pode impactar tanto consumidores particulares quanto futuras políticas públicas, dependendo da avaliação de custo-benefício pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar das expectativas, o uso das canetas exigirá rigor no controle. Desde abril deste ano, a Anvisa determina que medicamentos à base de liraglutida só podem ser vendidos mediante prescrição médica com retenção de receita. Além disso, as drogarias deverão registrar a compra no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). A nova regra visa frear o uso indiscriminado da substância, cuja popularização nas redes sociais levou ao consumo sem indicação médica, especialmente entre pessoas saudáveis em busca de emagrecimento rápido.

O mecanismo de ação da liraglutida ocorre no hipotálamo, onde estimula a saciedade e regula a glicemia. Estudos clínicos apontam que, além de controlar o diabetes, o princípio ativo pode gerar perda de peso média de 8 a 10% do peso corporal em pacientes com obesidade. “Esse índice pode parecer pequeno, mas já é suficiente para melhorar fatores de risco cardiovascular e qualidade de vida”, explica o endocrinologista Paulo Medeiros.

Para o especialista, o lançamento de uma versão brasileira representa um avanço importante na ampliação do acesso. “O custo menor e a possibilidade de testes com doses menores democratizam o tratamento e ampliam a adesão dos pacientes”, afirma. A EMS também se prepara para lançar, já em 2026, sua própria versão da semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, cujas patentes estão próximas do vencimento.

A Anvisa alerta que, mesmo em casos de obesidade diagnosticada, o uso deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional. Isso inclui endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos. “É um tratamento clínico, não uma solução estética isolada”, reforça o endocrinologista.

A decisão de intensificar a regulação dos chamados agonistas GLP-1 também responde a denúncias de desabastecimento enfrentadas em unidades do SUS, já que o uso sem indicação médica vinha gerando alta demanda e prejudicando pacientes com diabetes. A medida busca priorizar o acesso àqueles que realmente precisam.

Além do impacto direto no tratamento das doenças metabólicas, a entrada de medicamentos como Olire e Lirux no mercado nacional pode estimular a concorrência e, consequentemente, a redução de preços de outras marcas já consolidadas. Especialistas também destacam a importância de campanhas educativas sobre os limites e as indicações terapêuticas corretas, como forma de evitar automedicação e uso por vaidade.

Com isso, a estreia das canetas Olire e Lirux combina avanço tecnológico nacional, cautela sanitária e um novo cenário para o enfrentamento das doenças metabólicas mais prevalentes no Brasil.

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