Cineastas elegem os 50 melhores filmes brasileiros do século XXI
Levantamento feito pelo jornal O Globo reuniu mais de 100 cineastas para selecionar obras lançadas entre 2000 e 2025
O cinema brasileiro ganhou destaque em uma votação especial que reuniu mais de 100 cineastas para escolher os 50 melhores filmes brasileiros do século XXI. A iniciativa foi organizada pelo jornal O Globo como parte das comemorações de seu centenário e avaliou produções lançadas entre janeiro de 2000 e junho de 2025.
Segundo dados do site Filme B, nesse período 2.579 longas-metragens nacionais tiveram lançamento comercial no Brasil. Cada participante enviou uma lista com dez filmes favoritos — sem ordem de preferência — e o resultado final foi obtido a partir da soma e cruzamento dos votos.
A votação contou com realizadores consagrados como Fernando Meirelles, Anna Muylaert, Karim Aïnouz, Bruno Barreto, Heitor Dhalia, Jorge Furtado e Petra Costa. Também participaram atores que já dirigiram filmes, como Antonio Pitanga, Lázaro Ramos, Selton Mello, Leandra Leal e Caio Blat, além de nomes da nova geração, como Gabriel Martins, Glenda Nicácio e Yasmin Thayná.
“Cidade de Deus” lidera ranking de melhores filmes brasileiros
O primeiro lugar ficou com “Cidade de Deus” (2002), dirigido por Fernando Meirelles e codirigido por Kátia Lund. Citada por mais de 50% dos votantes, a produção foi indicada a quatro categorias do Oscar e marcou a carreira de atores e profissionais técnicos envolvidos no projeto.

A segunda posição foi ocupada por “Ainda Estou Aqui” (2024), de Walter Salles. Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva e estrelado por Fernanda Torres, o longa levou 5,8 milhões de espectadores aos cinemas, sendo o mais assistido no país no período pós-pandemia.

O top 10 também inclui títulos como “O Som ao Redor” (2012), “Que Horas Ela Volta?” (2015), “Edifício Master” (2002), “Madame Satã” (2002), “Jogo de Cena” (2007), “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), “Marte Um” (2022) e “Bicho de Sete Cabeças” (2000).
O cineasta Karim Aïnouz é o mais presente na lista, com quatro filmes: “Madame Satã” (2002), “O Céu de Suely” (2006), “A Vida Invisível” (2019) e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” (2009). Eduardo Coutinho é o único com dois títulos no top 10: “Edifício Master” e “Jogo de Cena”.
Representatividade e diversidade no cinema brasileiro
Apesar da ampla variedade de títulos, a lista evidencia desigualdades. Apenas 13 filmes são dirigidos por mulheres, o que representa 26% do total, e apenas dois estão no top 10: “Que Horas Ela Volta?” e “Bicho de Sete Cabeças”. Produções dirigidas por realizadores negros somam 8% da lista, com “Marte Um” como único representante entre os dez primeiros.
No grupo de votantes, cerca de 40% eram mulheres e 12% diretores negros. O levantamento também aponta descentralização geográfica na produção audiovisual: São Paulo lidera com 11 diretores, seguido por Pernambuco (8), Minas Gerais (6), Rio de Janeiro (6), Ceará (3), Distrito Federal (3) e representantes de Goiás, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.
Lista completa: 50 melhores filmes brasileiros do século XXI segundo O Globo
- Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002)
- Ainda Estou Aqui (Walter Salles, 2024)
- O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho, 2012)
- Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert, 2015)
- Edifício Master (Eduardo Coutinho, 2002)
- Madame Satã (Karim Aïnouz, 2002)
- Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, 2007)
- Cinema, Aspirinas e Urubus (Marcelo Gomes, 2005)
- Marte Um (Gabriel Martins, 2022)
- Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky, 2000)
- Santiago (João Moreira Salles, 2007)
- Bacurau (Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles, 2019)
- Boi Neon (Gabriel Mascaro, 2015)
- Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2014)
- O Lobo Atrás da Porta (Fernando Coimbra, 2013)
- Amarelo Manga (Cláudio Assis, 2002)
- Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006)
- O Auto da Compadecida (Guel Arraes, 2000)
- O Invasor (Beto Brant, 2001)
- Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (Marcelo Gomes & Karim Aïnouz, 2009)
- O Céu de Suely (Karim Aïnouz, 2006)
- Tropa de Elite (José Padilha, 2007)
- Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013)
- Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001)
- Carandiru (Héctor Babenco, 2003)
- Manas (Marianna Brennand, 2024)
- A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019)
- Ônibus 174 (José Padilha, 2002)
- Estômago (Marcos Jorge, 2007)
- Temporada (André Novais Oliveira, 2018)
- Dois Filhos de Francisco (Breno Silveira, 2005)
- Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016)
- Arábia (João Dumans & Affonso Uchoa, 2017)
- Saneamento Básico, O Filme (Jorge Furtado, 2007)
- Cidade Baixa (Sérgio Machado, 2005)
- Mato Seco em Chamas (Adirley Queirós & Joana Pimenta, 2022)
- O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger, 2006)
- Trabalhar Cansa (Juliana Rojas & Marco Dutra, 2011)
- Mutum (Sandra Kogut, 2007)
- Martírio (Tatiana Almeira, Vincent Carelli & Ernesto de Carvalho, 2016)
- Justiça (Maria Augusta Ramos, 2004)
- Era o Hotel Cambridge (Eliana Caffé, 2016)
- Inferninho (Guto Parente & Pedro Diógenes, 2018)
- Ela Volta na Quinta (André Novais Oliveira, 2015)
- As Boas Maneiras (Marco Dutra, 2017)
- Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001)
- Pedágio (Carolina Markowicz, 2023)
- O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, 2006)
- Café com Canela (Ari Rosa, 2017)
- Homem com H (Esmir Filho, 2025)
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