Celulite facial: infecção rara e perigosa pode evoluir rápido e atingir o cérebro
Os sintomas mais frequentes incluem manchas vermelhas em áreas como olhos, nariz, queixo, lábios e pescoço
A celulite facial, infecção bacteriana que atinge as camadas mais profundas da pele, representa um risco elevado à saúde, especialmente pela proximidade com estruturas do sistema nervoso central. Bactérias como Staphylococcus aureus e Streptococcus do grupo A penetram a barreira cutânea por meio de pequenas lesões, espinhas, picadas de insetos ou pelos encravados, provocando inflamação, dor, calor, inchaço e vermelhidão. Em casos graves, a condição pode evoluir para meningite, abscesso cerebral, trombose do seio cavernoso, mediastinite e sepse.
A jornalista Adriana Perroni, da Record TV, foi internada após receber o diagnóstico da doença. Embora o nome remeta à celulite estética, alteração da textura da pele comum nas coxas e nádegas, trata-se de enfermidades distintas: a lipodistrofia ginóide não é infecciosa, enquanto a celulite facial exige atendimento médico imediato para evitar complicações.
A manifestação na região do rosto é considerada particularmente perigosa devido à proximidade com estruturas neurológicas. Os sintomas mais frequentes incluem manchas vermelhas em áreas como olhos, nariz, queixo, lábios e pescoço, além de febre, calafrios, bolhas ou feridas com líquido, mal-estar e aumento dos linfonodos próximos ao local afetado. Em crianças, a incidência é maior, já que pequenos cortes e arranhões facilitam a entrada de microrganismos.
Há também variações como a celulite orbitária, infecção dos músculos e gordura da órbita ocular, que pode ser desencadeada por sinusite bacteriana, ferimentos, infecções dentárias ou celulite periorbital. O diagnóstico é feito por exame clínico e avaliação dos sintomas, podendo ser complementado por exames de sangue, tomografia e cultura bacteriana, para identificar a bactéria responsável e definir o tratamento.
Entre os fatores de risco estão acne inflamada, feridas abertas, picadas de insetos, arranhões, queimaduras, eczema, psoríase, infecções dentárias, sinusite bacteriana, cirurgias e otite média. Pessoas idosas, imunossuprimidas, portadoras de diabetes, linfedema, obesidade, insuficiência venosa ou doença arterial periférica apresentam maior vulnerabilidade.
Embora a celulite facial não seja considerada contagiosa em indivíduos saudáveis, o contato direto de uma pele lesionada com a região infectada pode permitir a entrada da bactéria, levando ao desenvolvimento da infecção. O tratamento precoce é essencial para conter a progressão e evitar consequências potencialmente fatais.
Cuidados com a pele
Indivíduos com pele fragilizada, portadores de doenças dermatológicas como disidrose ou psoríase e pessoas com imunidade comprometida estão mais suscetíveis a desenvolver celulite facial. A prevenção envolve cuidados simples, mas fundamentais, como evitar manipular espinhas, não coçar ferimentos, higienizar adequadamente lesões e manter a pele hidratada para preservar sua função de barreira. Uma alimentação equilibrada também contribui para fortalecer o sistema imunológico e reduzir o risco de infecções.
Entre as medidas preventivas recomendadas, especialistas destacam a importância de evitar cortes e arranhões no rosto, limpar e cuidar de feridas, não frequentar piscinas, banheiras, lagos, rios ou o mar enquanto houver lesões, lavar as mãos regularmente, manter unhas limpas e aparadas, controlar o peso corporal e tratar adequadamente doenças de pele como eczema e psoríase. Em atividades como jardinagem ou caminhadas em áreas de mata, o uso de calçados fechados, luvas e calças compridas também é indicado.
O tratamento, na maioria dos casos, inclui antibióticos orais, como cefalexina e clindamicina, além de analgésicos, como paracetamol e ibuprofeno, para aliviar os sintomas. Situações mais graves podem exigir internação e administração de antibióticos endovenosos, como penicilina, amoxicilina, clindamicina e cefalosporinas. Quando há formação de abscessos, furúnculos ou carbúnculos, pode ser necessário realizar procedimentos cirúrgicos para drenagem de pus, o que ajuda a reduzir a inflamação. Em alguns casos, a remoção de dentes também é indicada como parte do tratamento.
As complicações decorrentes da celulite facial incluem abscesso cerebral, meningite, trombose do seio cavernoso e mediastinite, inflamação da região torácica que abriga o coração, linfonodos, parte do esôfago e as glândulas tireoide e paratireoides. A infecção também pode evoluir para septicemia, resposta inflamatória sistêmica grave que provoca pressão arterial baixa, febre, taquicardia, dificuldade para respirar e confusão mental, podendo levar à morte se não tratada rapidamente.