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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
crimes digitais

Idosos ampliam presença on-line e se tornam alvo de golpes cada vez mais sofisticados

Aumento no uso da internet entre pessoas com mais de 60 anos expõe vulnerabilidade a crimes digitais, que agora usam tecnologias como deepfake para enganar vítimas

Luana Avelarpor Luana Avelar em 15 de agosto de 2025
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Foto: Freepik

Entre 2016 e 2024, a presença de pessoas com 60 anos ou mais na internet quase quadruplicou no Brasil. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua TIC), divulgada pelo IBGE em julho de 2024, mostram que o número de idosos conectados passou de 6,5 milhões para 24,5 milhões, um crescimento de 278%. A proporção também mudou: há oito anos, apenas 44,8% dessa faixa etária acessava a rede; agora, são 69,8%.

O avanço, visto como positivo por especialistas em inclusão digital, traz um efeito colateral preocupante. A mesma familiaridade crescente com dispositivos e aplicativos abre espaço para golpes virtuais mais elaborados, direcionados justamente a esse grupo. Pesquisa do DataSenado, publicada em abril deste ano, aponta que 16% das vítimas de fraudes financeiras on-line no país têm 60 anos ou mais.

Felipe de Melo, especialista em Segurança Digital e professor de Gestão de Segurança Privada, observa que, nos últimos anos, as estratégias criminosas se tornaram mais difíceis de detectar. “Uma das evoluções mais preocupantes nos golpes digitais voltados aos idosos é o uso de deepfakes, que são áudios, imagens ou vídeos gerados por inteligência artificial capazes de imitar com incrível realismo a voz e o rosto de outra pessoa. Com essa tecnologia, criminosos conseguem, por exemplo, clonar a voz de um filho ou neto da vítima e simular ligações pedindo dinheiro com urgência: o chamado golpe do falso familiar com voz realista”, afirma.

Segundo ele, o uso de IA também já chegou à produção de vídeos falsos de celebridades recomendando investimentos fraudulentos ou anunciando sorteios inexistentes. Nessas situações, o professor recomenda adotar procedimentos simples: checar informações em canais oficiais e, no caso de chamadas de números desconhecidos, confirmar com o familiar usando outro contato.

Entre os golpes mais comuns, Melo cita o phishing, prática de envio de mensagens fraudulentas por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagens, com aparência de comunicações oficiais de órgãos como INSS, Receita Federal ou bancos. O objetivo é induzir o usuário a acessar links que capturam senhas, dados bancários e informações pessoais.

Outro esquema frequente é o “golpe do amor” ou love scam. Nele, perfis falsos são criados em redes sociais ou aplicativos de relacionamento para iniciar contato com a vítima. “Trata-se de um tipo de estelionato emocional altamente danoso, que mistura perdas econômicas com sofrimento emocional”, pontua.

Há ainda o “golpe do falso advogado”, no qual criminosos se apresentam como representantes legais e alegam que a vítima tem direito a receber herança, indenização ou benefício judicial, solicitando pagamento antecipado de custos ou honorários. “Eles utilizam nomes reais, documentos forjados e linguagem jurídica que parecem confiáveis. Para se proteger, é essencial desconfiar de pedidos de dinheiro, confirmar a existência do processo no site do tribunal e verificar a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, alerta.

Fraudes bancárias via QR Code também estão na lista dos crimes recorrentes. “São links, imagens ou páginas falsas com QR Codes adulterados que direcionam pagamentos para contas de terceiros. Por serem operações instantâneas, muitas vítimas não percebem o golpe até que o valor já tenha sido transferido e os recursos dissipados”, explica Melo.

O aumento da conectividade entre idosos é um marco na inclusão digital, mas o cenário evidencia um desafio urgente: fortalecer a educação digital dessa população para que o acesso à internet seja acompanhado de segurança. Sem isso, o risco é que a conquista da autonomia on-line venha acompanhada de perdas financeiras e emocionais difíceis de reparar.

Como se proteger?

  • O professor Felipe de Melo lista as principais dicas para que os idosos naveguem na internet com mais segurança:
  • Ative a verificação em duas etapas (2FA) em aplicativos de bancos, e-mails e redes sociais;
  • Nunca anote senhas em locais visíveis ou as compartilhe com terceiros, mesmo sob pretexto de “ajuda técnica”;
  • Não clique em links de e-mails ou mensagens de origem desconhecida;
  • Jamais repasse códigos recebidos por SMS, como os utilizados por WhatsApp ou aplicativos bancários;
  • Ignore ligações pedindo dados bancários, senhas ou informações pessoais. Instituições sérias não fazem esse tipo de solicitação por telefone;
  • Nunca baixe programas, aplicativos ou arquivos enviados por desconhecidos;
  • Não preencha cadastros ou formulários on-line sem verificar se a página é verdadeira e segura;
  • Compre apenas em sites confiáveis, preferencialmente com reputação verificada em sites como Reclame Aqui e Procon;
  • Evite promoções “boas demais para ser verdade” e desconfie de sites que pedem pagamento somente via Pix;
  • Não aponte a câmera do celular para QR Codes enviados por mensagens ou redes sociais sem confirmar sua origem;
  • Instale apenas aplicativos da loja oficial, como Google Play ou App Store;
  • Desconfie de qualquer mensagem ou proposta que envolva prêmios, sorteios, heranças ou promessas de dinheiro fácil.

 

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