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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
operação carbono oculto

Ações da Reag desabam na B3 após empresa ser alvo da Operação Carbono Oculto

Papéis da gestora chegaram a cair mais de 22% nesta quinta-feira (28/8), depois de mandados de busca e apreensão cumpridos em suas sedes

Anna Salgadopor Anna Salgado em 28 de agosto de 2025
Papéis da gestora chegaram a cair mais de 22% nesta quinta-feira (28/8), depois de mandados de busca e apreensão cumpridos em suas sedes
A Reag confirmou que colabora integralmente com as autoridades na investigação sobre esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis | Foto: Freepik

As ações da Reag Investimentos, um dos 350 alvos da Operação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28/8) para desarticular um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis que envolve integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e fintechs e fundos de investimentos da Faria Lima, estão em queda livre na Bolsa de Valores do Brasil (B3).

Desde o início do pregão, os papéis da companhia lideravam as perdas na Bolsa brasileira. Às 11h40 (horário de Brasília), a queda era de 21,54%, com a ação negociada a R$ 2,95. Mais cedo, na abertura do mercado, os papéis da Reag já recuavam 17,55%, cotados a R$ 3,10. Poucos minutos depois, entraram em leilão, sendo retomados pouco após as 11h30.

O leilão de ações é um mecanismo utilizado pelas bolsas para equilibrar oferta e demanda em momentos específicos do pregão, garantindo que o preço reflita de forma mais precisa o equilíbrio entre compradores e vendedores.

Por volta do meio-dia, as perdas se aprofundaram: 22,87%, refletindo o temor dos investidores após a empresa ser alvo da operação que investiga um esquema de fraudes bilionárias. Já às 12h42, a queda era de 14,89%, com os papéis negociados a R$ 3,20.

O que diz a Reag

A Reag é uma das maiores gestoras independentes do país, sem ligação com bancos. Fundada em 2012, informa em seu site que possui R$ 299 bilhões sob gestão. Está ligada à Reag Capital Holding S/A e também controla a Ciabrasf, além de seguradoras e financeiras.

A gestora também é conhecida por patrocinar o Belas Artes, um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo, que desde janeiro de 2024 passou a se chamar Reag Belas Artes. A estreia da companhia na B3 ocorreu em janeiro de 2025, quando adquiriu a GetNinjas, empresa já listada no segmento Novo Mercado, que exige práticas mais rigorosas de governança corporativa.

Nesta quinta-feira, em comunicado ao mercado, a Reag confirmou “que, na data de hoje, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em suas respectivas sedes no âmbito da Operação Carbono Oculto”.

“Trata-se de procedimento investigativo em curso. As companhias esclarecem que estão colaborando integralmente com as autoridades competentes, fornecendo as informações e documentos solicitados, e permanecerão à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários”, declarou.

“As companhias manterão seus acionistas e o mercado informados sobre o desenvolvimento dos assuntos objeto deste fato relevante”, acrescentou a gestora.

Operação envolve PCC e Faria Lima

As investigações miram vários segmentos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, incluindo importação, produção, distribuição e venda ao consumidor final.

Para isso, os grupos criminosos buscavam “blindar” ou ocultar patrimônio por meio de fintechs e fundos de investimentos, o que conecta a fraude ao centro financeiro da Faria Lima, em São Paulo.

Segundo a Receita Federal, “o sofisticado esquema engendrado pela organização criminosa, ao mesmo tempo que lavava o dinheiro proveniente do crime, obtinha elevados lucros na cadeia produtiva de combustíveis”.

“O uso de centenas de empresas operacionais na fraude permitia dissimular os recursos de origem criminosa. A sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e prejudicavam os consumidores e a sociedade”, afirmou o órgão.

As investigações também apontam que importadoras atuavam como “interpostas pessoas, adquirindo no exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos de formuladoras e distribuidoras vinculadas à organização criminosa”.

Outro ponto central era a blindagem do patrimônio. “Os valores eram inseridos no sistema financeiro por meio de fintechs, empresas que utilizam tecnologia para oferecer serviços financeiros digitais. A Receita Federal identificou que uma fintech de pagamento atuava como ‘banco paralelo’ da organização criminosa, tendo movimentado mais de R$ 46 bilhões de 2020 a 2024”, destacou.

Segundo a Receita, os criminosos também controlavam várias instituições de pagamento menores, criando uma camada dupla de ocultação. “A fintech também recebia diretamente valores em espécie. Entre 2022 e 2023, foram efetuados mais de 10,9 mil depósitos em espécie, totalizando mais de R$ 61 milhões. Este é um procedimento completamente estranho à natureza de uma instituição de pagamento, que opera apenas dinheiro escritural”, detalhou.

Ainda conforme o órgão, a “utilização de fintechs pelo crime organizado objetiva aproveitar brechas na regulação desse tipo de instituição”. Essas brechas dificultam o rastreamento do fluxo de recursos e a identificação dos valores movimentados por cliente.

Já foram identificados ao menos 40 fundos de investimentos ligados ao PCC, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões. Em sua maioria, eram fundos fechados com um único cotista — geralmente outro fundo, o que aumentava as camadas de ocultação.

Entre os bens adquiridos, estão um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, 1.600 caminhões para transporte de combustíveis e mais de 100 imóveis.

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