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sábado, 6 de dezembro de 2025
dicas saúde

Refluxo: quando a queimação exige atenção e cuidados no dia a dia

Especialista explica sintomas, tratamentos e aponta alimentos que ajudam a controlar a condição

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 3 de setembro de 2025
Sensação de queimação e dor abdominal estão entre os sintomas mais comuns.| Foto: Reprodução/canva
Sensação de queimação e dor abdominal estão entre os sintomas mais comuns.| Foto: Reprodução/canva

Azia, sensação de queimação e até tosse seca constante. Esses são alguns dos sinais mais comuns de refluxo, uma condição que incomoda e preocupa milhões de brasileiros. O problema ocorre quando os ácidos do estômago voltam para o esôfago, causando desconforto e, em casos mais graves, inflamações. Apesar de muitas vezes ser associado apenas aos adultos, o refluxo também pode atingir crianças, exigindo atenção especial dos pais.

Segundo a gastroenterologista Heloisa Campos, o refluxo não deve ser ignorado. “Muitas pessoas convivem com os sintomas achando que é algo passageiro, mas o quadro pode evoluir para complicações como esofagite erosiva e até úlceras. Por isso, é fundamental procurar avaliação médica quando os sinais se tornam frequentes”, destaca a especialista.

O que acontece no organismo

O refluxo gastroesofágico ocorre quando o músculo que deveria impedir o retorno do conteúdo do estômago para o esôfago não funciona de forma adequada. Esse movimento anormal permite que o ácido gástrico cause irritações na mucosa, provocando ardência, queimação e até dor no peito. Em muitos casos, os episódios são ocasionais, ligados a refeições pesadas ou ao consumo de alimentos irritativos. Contudo, quando a ocorrência se repete com frequência, a condição passa a ser considerada doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), que exige acompanhamento médico e, em determinados casos, o uso de medicamentos.

De acordo com Heloisa Campos, a atenção deve ser redobrada quando os sintomas ultrapassam a azia eventual. “Se a pessoa apresenta azia mais de duas vezes por semana, ou tem tosse seca persistente, rouquidão e até dificuldade para engolir, é sinal de alerta. Esse paciente precisa investigar o problema”, explica.

Adultos e crianças

Embora seja comum relacionar o refluxo a adultos, principalmente aqueles com hábitos alimentares desequilibrados, a condição também aparece em bebês e crianças. Nos primeiros meses de vida, é natural que os pequenos apresentem regurgitações devido à imaturidade do sistema digestivo. No entanto, quando o quadro é intenso ou persistente, merece avaliação.

“Nos bebês, o refluxo fisiológico tende a diminuir à medida que o sistema digestivo amadurece. Mas, se a criança apresenta perda de peso, irritabilidade constante, engasgos ou dificuldade de ganho nutricional, é preciso investigar”, esclarece a gastroenterologista.

Já em crianças maiores, os sintomas se assemelham aos dos adultos: azia, dor abdominal, tosse seca ou até problemas respiratórios recorrentes. Para a médica, nesses casos é essencial procurar orientação profissional para evitar complicações e garantir desenvolvimento saudável.

O tratamento do refluxo depende da intensidade dos sintomas e da frequência dos episódios. Em quadros leves, mudanças no estilo de vida são suficientes para proporcionar alívio. Já em situações mais severas, é comum o uso de medicamentos que reduzem a produção de ácido ou facilitam o esvaziamento gástrico.

Entre as medidas mais eficazes está o cuidado em não deitar logo após as refeições e respeitar um intervalo de pelo menos duas horas entre o jantar e o sono. Elevar a cabeceira da cama ajuda a reduzir o retorno do ácido durante a noite, assim como manter o peso corporal adequado, já que a obesidade aumenta a pressão abdominal. Outro ponto importante é fazer refeições menores, mais leves e em intervalos regulares, evitando sobrecarga ao estômago.

Para a especialista, os ajustes de rotina fazem toda a diferença. “A mudança de hábitos é fundamental no tratamento. Muitas vezes, só o ajuste alimentar e o cuidado com a rotina já melhoram bastante a qualidade de vida do paciente”, reforça Heloisa Campos.

O papel da alimentação

A escolha dos alimentos tem impacto direto na manifestação do refluxo. Determinados itens podem agravar os sintomas e devem ser evitados. Entre eles estão as bebidas alcoólicas, refrigerantes, café e alguns tipos de chá. Doces, alimentos muito gordurosos e o chocolate também intensificam a acidez.

As frutas cítricas, como laranja, limão, maracujá e abacaxi, assim como frutas vermelhas, a exemplo de morango e amora, podem aumentar a queimação. O mesmo vale para temperos como alho, cebola, pimenta e hortelã. Tomates, batatas, milho e alguns grãos também entram na lista de alimentos que merecem cautela.

Cada organismo reage de forma distinta, e por isso é essencial que o paciente observe quais alimentos desencadeiam os sintomas. Em muitos casos, o acompanhamento de um nutricionista auxilia a adaptar o cardápio de forma saudável, sem comprometer o prazer à mesa.

Cuidados simples para aliviar o desconforto

Além da dieta equilibrada e da atenção médica, algumas práticas cotidianas podem ajudar a reduzir significativamente o refluxo. Mastigar bem os alimentos antes de engolir, evitar roupas apertadas na região abdominal, reduzir o consumo de produtos ultra processados e manter uma boa hidratação ao longo do dia são medidas que contribuem para o bem-estar. A prática regular de atividade física, quando respeita os limites do corpo, também exerce papel positivo.

Heloisa Campos ressalta que não se trata apenas de tratar os sintomas, mas de transformar hábitos. “Não é apenas uma questão de remédio. O paciente precisa entender que o estilo de vida faz toda a diferença. O cuidado contínuo previne complicações e garante mais qualidade de vida”, conclui.

 

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