Goiás confirma circulação do vírus da febre amarela em Abadia
Macaco encontrado morto teve diagnóstico positivo para a doença; SES-GO reforça importância da vacinação e alerta para baixa cobertura vacinal
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) confirmou nesta semana a circulação do vírus da febre amarela no município de Abadia de Goiás. O caso foi identificado após a morte de um macaco, notificada em 25 de agosto e analisada por exames laboratoriais que confirmaram a infecção. Outros dois episódios semelhantes estão em investigação nas cidades de Guapó e Aragoiânia.
Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, a identificação em primatas é um alerta para o risco de reintrodução da doença em humanos. “A Secretaria de Estado da Saúde faz, através da Suvisa, um monitoramento contínuo da circulação do vírus da febre amarela, tanto em casos humanos quanto em macacos. O macaco é o sentinela, ele nos alerta sobre a nova circulação do vírus. Foi o que aconteceu agora em 2025, com a confirmação da morte em Abadia de Goiás”, explica.
Amorim destacou que o vírus circula de forma cíclica, a cada cinco a sete anos, e que a principal preocupação neste momento é a baixa cobertura vacinal, sobretudo em crianças. “Se eu tenho o vírus circulando e tenho baixa cobertura, significa que há pessoas suscetíveis. Essas pessoas, ao frequentarem áreas com circulação, podem se contaminar e adoecer caso não estejam protegidas”, alerta.
A SES-GO reforça que os macacos não transmitem o vírus. Assim como os humanos, eles são vítimas da doença, que é transmitida por mosquitos silvestres, como os dos gêneros Haemagogus e Sabethes, e também pelo Aedes aegypti em áreas urbanas. “É fundamental não maltratar os animais. Eles são nossos aliados, pois geralmente adoecem antes dos humanos, o que permite o monitoramento da doença”, reforça a subsecretária.
O último caso de febre amarela em humanos em Goiás foi registrado em 2017. Apesar de não haver registros neste ano, a circulação do vírus entre primatas é considerada um sinal de alerta. “Nos humanos, o início da doença é muito parecido com dengue ou chikungunya, com febre alta, dor e prostração. Em casos graves, pode evoluir para complicações hepáticas, onde algumas enzimas do fígado ficam muito alteradas e podem, inclusive, levar essa pessoa à morte”, explica Amorim.
Entre os principais sintomas estão febre súbita, dores no corpo, cefaleia, náuseas e vômitos. Em situações suspeitas, a orientação é procurar atendimento médico imediato, especialmente se houver histórico recente de deslocamento para áreas de mata ou rios.
Vacinação em dia e notificação de animais são medidas-chave para conter a doença
A vacina é a principal forma de proteção. No calendário vacinal, a primeira dose deve ser aplicada aos nove meses de idade, com reforço aos quatro anos. Adultos precisam ter pelo menos uma dose registrada na vida. Além disso, para quem frequenta áreas de risco, a recomendação é usar roupas compridas e repelentes.
“A orientação primeira é manter o cartão de vacinação atualizado, quem gosta de pescar e vai para a área rural onde tem a circulação do vírus confirmada. E também usar roupas de manga comprida, usar repelentes para evitar a picada do mosquito”, enfatiza Amorim.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e gravidade variável, com alta letalidade em suas formas graves. Por isso, especialistas reforçam a necessidade de vacinação em massa e de ações de prevenção.
Além da vacinação, o engajamento da população é considerado decisivo para evitar novos casos. Ao encontrar um macaco morto ou doente, a recomendação é não tocar nele e comunicar imediatamente a Secretaria Municipal de Saúde. O registro também pode ser feito pelo aplicativo SISS-Geo, disponível gratuitamente para celulares.
Essa comunicação rápida permite que as equipes façam a coleta de amostras, identifiquem a presença do vírus e adotem medidas de bloqueio mais ágeis, protegendo tanto as comunidades rurais quanto as áreas urbanas próximas.
Cobertura vacinal no Estado está abaixo da meta e preocupa autoridades
Apesar do alerta para a circulação do vírus da febre amarela em Abadia de Goiás, a cobertura vacinal no Estado ainda está aquém do ideal. Dados da SES-GO mostram que apenas 71,57% da população está imunizada, quando a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 95%.
A vacina contra a febre amarela é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e faz parte do calendário básico de imunização. Crianças devem receber a primeira dose aos nove meses de idade e uma dose de reforço aos quatro anos. Para adultos, basta uma aplicação ao longo da vida para garantir a proteção.
Com o índice de vacinação abaixo do esperado, aumenta o risco de ocorrência de casos graves em humanos, especialmente em crianças pequenas e pessoas que vivem em áreas rurais ou próximas a regiões de mata. Para enfrentar o problema, a SES-GO encaminhou uma nota técnica aos municípios com recomendações como intensificar a busca ativa de não vacinados, reforçar campanhas educativas e ampliar a vigilância em saúde.
Além da vacinação, outras medidas preventivas são fundamentais, como evitar áreas de mata em períodos de circulação do vírus, usar roupas que cubram braços e pernas, aplicar repelente contra mosquitos, sobretudo no início da manhã e no fim da tarde, e notificar imediatamente às autoridades qualquer caso suspeito ou morte de primatas.
A febre amarela é uma doença de notificação compulsória, o que significa que casos suspeitos em humanos ou animais devem ser comunicados às autoridades de saúde em até 24 horas. “O Estado só consegue se antecipar à doença se a população colaborar, mantendo a vacinação em dia e notificando a ocorrência de macacos mortos ou doentes. A vacina é segura, eficaz e salva vidas”, reforça a SES-GO.