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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Previsão politica

O que esperar da direita após o julgamento de Bolsonaro

Cientistas políticos divergem sobre perda ou ganho de poder do bolsonarismo

Marina Moreirapor Marina Moreira em 10 de setembro de 2025
6 abre Foto Jose Cruz ABr
Parlamentares da oposição saem em defesa da anistia aos acusados pelo planejamento da tentativa de golpe de Estado - Créditos: José Cruz/ABr

A possível condenação da trama golpista chama a atenção para uma questão importante que é sobre qual caminho a direita deve seguir após o julgamento de Bolsonaro e dos demais réus por tentativa de golpe. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi o primeiro a votar à favor da condenação do núcleo crucial e afirmou não haver dúvidas de que os réus tentaram praticar um golpe de Estado. Em relação ao comportamento da extrema direita após o período de julgamento, o sociólogo Jones Matos, acredita que a organização política está em um momento de enfraquecimento. 

“Com o julgamento e a possível condenação de Bolsonaro e do seu núcleo, dos mentores da tentativa de golpe, acho que é algo que vai respingar na direita brasileira, porque é uma organização que tem se sustentado por meio de uma postura à favor do golpismo. Aliás, esse é um comportamento da direita durante todo o período republicano… A direita, juntamente com a família Bolsonaro, está definhando. Pode ser que eles não tenham tanta importância no processo eleitoral”, ressalta Matos ao O HOJE. 

Acesse também: Motta afirma que não há previsão de votação ou relator para anistia na Câmara

Já o cientista político Lehninger Mota diz que não haverá perda de força política por parte dos apoiadores do ex-presidente. “Existe um país polarizado onde Bolsonaro, não podendo ser candidato, vai indicar alguém e, provavelmente, essa pessoa estará no segundo turno das eleições presidenciais enfrentando o Lula… Não há uma perda de força política, isso não vai acontecer. Quem for o indicado de Bolsonaro para estar nas eleições vai continuar com esses legados da direita de conseguir muitos votos, como é o caso do Partido Liberal e de outros partidos aliados a Bolsonaro.” 

Linha do tempo do bolsonarismo

O estudioso em política Josimar Gonçalves traça um panorama das possíveis ações que podem ser praticadas pela direita a curto, médio e longo prazo em relação ao julgamento dos réus pela trama golpista. “A curto prazo, podemos esperar uma radicalização retórica entre os setores mais alinhados ao bolsonarismo, que tenderão a tratar o julgamento como perseguição política e buscar reforçar a narrativa de martírio. No entanto, a médio e longo prazo, esse processo judicial pode forçar uma reorganização interna na direita”, pontua o cientista político. 

Em consonância com Josimar, Mota destaca que a direita seguirá forte. “Politicamente, qual é o desfecho de uma possível prisão do Bolsonaro? Politicamente, o prejuízo não é tão grande, porque as pessoas que seguem o Bolsonaro ou que vão ter o seu aval, elas vão continuar com muita força. Da mesma forma ocorrerá em todos os Estados, alguns com menos força, que é o caso dos Estados do Nordeste e outros com mais força que são os casos dos estados do Centro-Oeste e do Sul, onde Bolsonaro tem bastante força.” 

Intervenção dos EUA

Jones Matos faz referência à interferência estadunidense na autonomia da Corte ao falar sobre o tarifaço e destaca as exigências cobradas por Trump para que as tarifas deixem de ser aplicadas. “Eu entendo que a direita realmente está em um momento muito difícil, pois o seu principal líder pode ser condenado e, por outro lado, estão sustentando um discurso de defesa externa. Ou seja, sustentando um discurso do atual presidente norte-americano em relação à questão da taxação dos produtos brasileiros.”

Jones diz que o presidente norte-americano faz com que o fim das tarifas dependa da libertação de Bolsonaro. “O governo norte-americano fez com que a retirada das tarifas seja algo condicionado à absolvição e soltura dos réus da trama golpista, como se o presidente do Brasil tivesse condições de pedir à Justiça brasileira para mudar o resultado de uma condenação”, conclui. (Especial para O HOJE)

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