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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
marca na saúde

Câncer do 11 de Setembro: tragédia invisível já atinge quase 50 mil pessoas

Mais de duas décadas após os atentados, bombeiros, voluntários e sobreviventes seguem adoecendo por causa da nuvem tóxica liberada no colapso das Torres Gêmeas

Micael Silvapor Micael Silva em 11 de setembro de 2025
A nuvem tóxica formada pelo desabamento das torres expôs milhares de pessoas a uma mistura de cimento, asbestos, fumaça, metais pesados e combustíveis queimados Foto: Reprodução/ Youtube
A nuvem tóxica formada pelo desabamento das torres expôs milhares de pessoas a uma mistura de cimento, asbestos, fumaça, metais pesados e combustíveis queimados Foto: Reprodução/ Youtube

Mais de 24 anos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o impacto da tragédia continua se manifestando  agora, na forma de doenças crônicas. Dados divulgados em junho de 2025 pelo World Trade Center Health Program revelam que 48,5 mil pessoas já foram diagnosticadas com câncer associado ao atentado. O número inclui tanto sobreviventes civis quanto bombeiros, policiais, voluntários e trabalhadores que atuaram nos escombros.

A nuvem tóxica formada pelo desabamento das torres expôs milhares de pessoas a uma mistura de cimento, asbestos, fumaça, metais pesados e combustíveis queimados. Segundo o oncologista Stephen Stefani, da Oncoclínicas e da Americas Health Foundation, essa combinação criou um terreno fértil para o surgimento de tumores anos depois.

“Cada célula do corpo se duplica milhões de vezes ao longo da vida, e nesse processo sempre há erros. Em condições normais, o organismo corrige ou elimina essas falhas. Mas, quando a pessoa é exposta a agentes como asbestos, benzeno, sílica e chumbo, esses mecanismos de defesa ficam comprometidos. O resultado é uma reprodução celular desorganizada, com mutações que escapam ao controle e aumentam a chance de surgirem tumores”, explica.

Leia mais:11 de Setembro: o dia que mudou o mundo e redefiniu a história recente

Do total de diagnósticos, 24,6 mil correspondem a socorristas entre bombeiros, policiais e trabalhadores da limpeza e 23,9 mil a sobreviventes civis. Hoje, 65% dos inscritos no programa apresentam pelo menos uma condição reconhecida como relacionada ao 11 de setembro.

“Há mais vítimas do 11 de setembro depois do 11 de setembro do que no próprio dia”, resume Stefani.

Cânceres mais comuns

Os tumores mais frequentemente identificados são:

  • Câncer de pele não melanoma – 15,5 mil casos

  • Próstata – 10,9 mil

  • Mama feminina – 4,0 mil

  • Melanoma de pele – 3,2 mil

  • Linfoma – 2,1 mil

  • Tireoide – 2,1 mil

  • Pulmão e brônquios – 1,6 mil

Somente no último ano, foram 9,4 mil novos diagnósticos. Pesquisas confirmam que socorristas e voluntários têm índices mais elevados de câncer do que a população em geral. Um estudo de 2022 com mais de 69 mil pessoas mostrou, por exemplo, 81% mais casos de câncer de tireoide e 19% mais de próstata entre os expostos.

Tumores inesperados

Além dos casos mais comuns, surgiram tumores raros, como o mesotelioma, diretamente ligado ao asbestos, e cânceres de tecidos moles e do timo. Experimentos em animais reforçam essa ligação: camundongos expostos à poeira do WTC desenvolveram inflamações persistentes e alterações genéticas que aumentam o risco de tumores.

Programa até 2090

O James Zadroga 9/11 Health and Compensation Act, aprovado em 2011, garante que o programa de saúde siga até 2090, oferecendo monitoramento gratuito e apoio a pesquisas que ainda buscam entender os efeitos da tragédia.

“Esse não foi apenas um trauma coletivo imediato. É também uma tragédia silenciosa, que se prolonga no corpo de quem sobreviveu ou foi ajudar”, afirma Stefani.

Além do câncer, o programa já contabiliza 41 mil casos de rinossinusite crônica, 38 mil de refluxo gastroesofágico, 22,5 mil de asma e 17 mil de transtorno de estresse pós-traumático.

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