Multas de trânsito na Capital disparam após retorno dos radares
Após nove meses de inatividade, fiscalização eletrônica volta a operar e registra salto expressivo nas autuações
A retomada da fiscalização eletrônica em Goiânia recolocou o número de multas de trânsito no mesmo patamar dos anos anteriores, segundo dados da Secretaria Municipal de Engenharia de Tráfego (SET). Entre abril e julho de 2025, período em que os radares voltaram a operar após quase um ano parados, foram registradas 102.043 autuações. A média é de pouco mais de 25 mil multas por mês, número semelhante ao que já vinha sendo registrado antes da suspensão do serviço.
Em 2024, quando o contrato anterior ainda estava em vigor, a fiscalização eletrônica havia emitido 343.158 multas somente entre janeiro e junho, o que corresponde a uma média mensal de 57 mil registros. A operação, no entanto, foi interrompida em junho daquele ano e ficou inativa por nove meses, até abril de 2025. Com o retorno dos equipamentos, o volume de autuações cresceu de forma progressiva: 6.789 em abril, 19.509 em maio, 25.582 em junho e um salto para 50.163 em julho.
Segundo informações enviadas pela SET ao O HOJE, a principal infração responsável pelo elevado número de registros está relacionada ao excesso de velocidade. Apenas no recorte mais recente, foram 63.697 multas aplicadas a motoristas que transitaram em velocidade até 20% acima do limite máximo permitido.
A pasta destaca que este comportamento, embora aparentemente de baixo risco para muitos condutores, representa grande ameaça à segurança viária, especialmente em vias de fluxo intenso.
A SET informou ainda que as ações de fiscalização são acompanhadas por medidas de caráter educativo e de engenharia de tráfego. Em nota, a secretaria afirmou que tem intensificado iniciativas voltadas à conscientização dos motoristas e melhorias operacionais do sistema viário, com o objetivo de reduzir infrações e garantir um trânsito mais seguro e fluido em Goiânia.
Educação no trânsito e novas medidas de mobilidade reforçam segurança
Entre os projetos mencionados, está a Mini Cidade de Trânsito, desenvolvida em parceria com escolas. Nesse espaço, crianças aprendem de forma prática as regras de circulação e se tornam agentes mirins multiplicadores da conscientização junto às famílias e comunidades. De janeiro a julho deste ano, foram realizadas 2.171 ações educativas em faixas de pedestres, voltadas para reforçar o respeito às travessias.
Na área de mobilidade, a pasta destacou iniciativas como o programa Direita Livre, que libera conversões à direita em pontos estratégicos para reduzir retenções e melhorar o fluxo de veículos. Outra medida é a Onda Verde, que sincroniza semáforos em importantes corredores, tornando os trajetos mais rápidos e seguros.
A secretaria também cita a requalificação dos corredores de trânsito, já em andamento em mais de 30 vias arteriais da Capital, além da revitalização constante da sinalização.
TCM suspende contrato de R$ 167 milhões e levanta suspeitas sobre gestão da sinalização viária
Enquanto as autuações voltam a crescer, a secretaria também enfrenta questionamentos relacionados à contratação de serviços de sinalização viária. O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) suspendeu um contrato firmado pela gestão do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), que poderia alcançar o valor de R$ 167 milhões.
O acordo havia sido estabelecido por meio de adesão a uma ata de registro de preços do Estado do Maranhão, prática conhecida como “carona em licitação”. O consórcio Jardiplan Axe, sediado em São Paulo, seria o responsável pela execução dos serviços. No entanto, o Ministério Público de Contas apontou indícios de superfaturamento, já que os valores propostos superavam os praticados no contrato vigente com a empresa goiana Neo Consult, que segue responsável pelo serviço até agosto de 2025.
A análise indicou que a substituição poderia representar um gasto desnecessário, sem justificativa técnica consistente. O conselheiro Valcenôr Braz, relator do processo, acatou o parecer e ressaltou que os valores do contrato estavam acima dos praticados no mercado. Ele também observou que a eventual assinatura dificultaria uma possível reversão da medida e poderia obrigar a Prefeitura a indenizar a empresa paulista em caso de rescisão.
Outro ponto levado em consideração foi o impacto econômico local. Enquanto a Neo Consult é sediada em Goiânia, mantendo recursos e empregos no Estado, a contratação do consórcio Jardiplan Axe transferiria parte significativa dos investimentos para fora de Goiás.
A decisão do TCM foi noticiada em primeira mão pelo jornal O HOJE no dia 30 de agosto e reforça as críticas à forma como a Prefeitura tem conduzido os contratos de mobilidade e trânsito.