Um caso de autoagressão entre adolescentes de 10 a 19 anos é registrado no Brasil a cada dez minutos. O dado faz parte de levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Entre 2023 e 2024, a média foi de 137 ocorrências diárias, incluindo tentativas de suicídio e episódios de violência autoprovocada.

A entidade afirma que os números podem estar abaixo da realidade. A subnotificação decorre de falhas no preenchimento de formulários e da ausência de registros vindos de escolas, serviços privados e redes de assistência social.

O recorte regional mostra concentração de casos no Sudeste, com 46,9 mil notificações no período, quase metade do total nacional. São Paulo responde por 24,9 mil. No Nordeste foram 19 mil, com destaque para Ceará e Pernambuco. O Sul somou 19,6 mil, liderado pelo Paraná. Goiás e Distrito Federal tiveram os maiores números do Centro-Oeste, enquanto Pará e Tocantins concentraram as ocorrências no Norte.

A gravidade aparece nos atendimentos hospitalares. Em dois anos, foram 3,8 mil internações de adolescentes após episódios de autoagressão — cinco por dia, em média. No mesmo período, cerca de 2,3 mil jovens morreram por suicídio. A maioria tinha entre 15 e 19 anos; pouco mais de 300 estavam na faixa de 10 a 14.

A SBP orienta atenção a sinais de alerta, como tristeza persistente, abandono de atividades, autolesões repetidas, participação em situações de risco e falta de perspectivas para o futuro. Consultas médicas podem ajudar a identificar padrões e encaminhar famílias para acompanhamento.

O Ministério da Saúde recomenda que casos suspeitos ou confirmados sejam levados a unidades básicas, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), UPAs e hospitais. O Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188, atende gratuitamente em regime de plantão 24 horas.