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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Doença de Fabry: condição hereditária rara desafia diagnóstico

Entre os primeiros sinais estão dores intensas nas extremidades principalmente mãos e pés

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 1 de outubro de 2025
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Doença de Fabry: condição hereditária rara desafia diagnóstico. | Foto: Reprodução/Freepik

A Doença de Fabry, também conhecida como deficiência de alfa-galactosidase A, é uma enfermidade hereditária rara ligada ao cromossomo X. De caráter crônico e progressivo, a condição compromete múltiplos órgãos e sistemas do organismo, incluindo pele, rins, coração e olhos. Estima-se que a doença afete entre 1 e 3 a cada 100 mil nascidos vivos. No mundo, mais de 25 mil pessoas convivem com a deficiência, enquanto no Brasil cerca de 250 casos já foram identificados.

Classificada entre as doenças de depósito lisossômico, a Fabry resulta de um erro inato do metabolismo, em que a ausência ou deficiência da enzima alfa-galactosidase A impede a degradação adequada de determinados lipídeos. O acúmulo dessas substâncias provoca uma série de manifestações clínicas que se iniciam geralmente na infância ou adolescência.

Entre os primeiros sinais estão dores intensas nas extremidades principalmente mãos e pés relacionadas ao comprometimento dos nervos periféricos. Esses episódios podem ser desencadeados por estresse, variações de temperatura ou esforço físico. Outros sintomas precoces incluem febre recorrente, intolerância ao calor, anidrose (diminuição ou ausência de suor), alterações digestivas e embaçamento da córnea. Na pele, é comum o surgimento de angioqueratomas, pequenas manchas avermelhadas características da doença.

Com a evolução clínica, por volta dos 20 anos, muitos pacientes apresentam proteinúria, sinal de comprometimento renal. A progressão pode atingir vasos sanguíneos de diversos órgãos, aumentando o risco de complicações graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais. O diagnóstico tardio ou equivocado contribui para o agravamento do quadro e pode levar a desfechos fatais.

Devido ao seu caráter multissistêmico e à variedade de sintomas, o diagnóstico da Doença de Fabry é considerado desafiador. As manifestações vão de dor crônica e queimação nas extremidades a intolerância ao calor, alterações cardíacas, gastrintestinais, renais, auditivas e oculares. Especialistas reforçam a importância do reconhecimento precoce desses sinais para garantir o acompanhamento adequado e ampliar as chances de controle da doença.

Doenças de depósito lisossômico

As doenças de depósito lisossômico (DDL) resultam da deficiência de determinadas enzimas, o que provoca o acúmulo de substâncias que deveriam ser degradadas nos lisossomos. Os primeiros relatos dessas condições datam de 1881, com a descrição da doença de Tay-Sachs. Em seguida, em 1882, foi identificada a doença de Gaucher, e, em 1898, a de Fabry.

Atualmente, mais de 40 enfermidades integram o grupo das DDL, cada uma associada à ausência ou deficiência de uma enzima específica. Embora raras quando consideradas individualmente, em conjunto essas doenças genéticas afetam cerca de um a cada 7.700 nascidos vivos.

 

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