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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde

Internações por fimose crescem 81% entre adolescentes do SUS em dez anos

Levantamento com dados oficiais aponta avanço nas faixas de 10 a 14 e de 15 a 19 anos; especialistas defendem diagnóstico precoce e acesso a urologista

Luana Avelarpor Luana Avelar em 4 de outubro de 2025
jovem latino cobrindo seus orgaos genitais com as maos no quarto

Entre 2015 e 2024, as internações de adolescentes de 10 a 19 anos por condições ligadas ao prepúcio — fimose, parafimose e prepúcio redundante — aumentaram 81,58% no SUS. O recorte, compilado a partir de bases oficiais, mostra que o país passou de 10,6 mil hospitalizações em 2015 para 19,3 mil em 2024; no acumulado do período, foram 130,7 mil internações.

O avanço é mais intenso entre 10 e 14 anos, faixa que registrou alta de 87,7%. Entre 15 e 19 anos, o crescimento foi de 70%. A leitura dos números indica uma combinação de diagnóstico tardio, barreiras de acesso a urologistas e menor procura de meninos por serviços de saúde na adolescência — meninas de 12 a 19 anos vão ao médico quase 2,5 vezes mais que os meninos, e a diferença é ainda maior quando se compara consultas ginecológicas com atendimentos urológicos.

A fimose ocorre quando o prepúcio não retrai totalmente para expor a glande. Em bebês, a condição é comum e tende a se resolver; a persistência após os 3 anos exige avaliação. A parafimose é urgência: a pele retraída prende-se atrás da glande, pode estrangular o tecido e demanda atendimento imediato. A orientação inicial inclui higiene diária com retração suave do prepúcio — sem forçar — e, se necessário, uso de pomadas sob prescrição. Na adolescência, postectomia (cirurgia de circuncisão) é o tratamento mais frequente; o procedimento dura de 30 a 60 minutos, com recuperação em cerca de uma semana.

As complicações de longo prazo explicam a pressão por prevenção. A higienização inadequada eleva o risco de infecções e está associada ao câncer de pênis, doença rara, porém com impacto grave: o país registra centenas de amputações penianas por ano e somou mais de 6,4 mil no período recente analisado.

Sem rotina de acompanhamento, meninos chegam ao sistema já com quadro agravado — o que infla internações evitáveis. A resposta passa por atenção primária ativa, informação a responsáveis e escolas, e oferta organizada de vagas em urologia. Em saúde pública, chegar cedo evita hospital, reduz custo e poupa cicatrizes desnecessárias.

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