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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
ECONOMIA

Empresas goianas renegociam mais de 31 mil dívidas em 2025

Alta dos juros e dificuldades econômicas levam micro e pequenos empreendedores a buscar acordos para manter negócios ativos

Caroline Gonçalvespor Caroline Gonçalves em 6 de outubro de 2025
4 abre Marcello Casal Jr ABr
Goiás já soma mais de 31 mil renegociações de dívidas com CNPJ neste ano. Crescimento de quase 32% mostra esforço dos empreendedores para equilibrar as contas Foto: Marcello Casal Jr./ABr

O endividamento de empresas continua crescendo em Goiás e em todo o País. A alta das taxas de juros e o custo elevado de manter um negócio têm levado cada vez mais empreendedores a buscar renegociações para evitar o fechamento das portas.

Dados da Serasa Experian mostram que o Brasil tem mais de 8 milhões de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJs) inadimplentes, um aumento de mais de 200 mil empresas desde junho e de 1,1 milhão em relação a julho de 2024. Entre os pequenos negócios, o problema é ainda mais comum, principalmente entre os microempreendedores individuais (MEIs), que muitas vezes abrem o próprio negócio sem um planejamento financeiro adequado.

Em Goiás, o número de renegociações disparou em 2025. De janeiro a agosto, foram firmados mais de 31,1 mil acordos de dívidas com CNPJ, um crescimento de quase 32% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 23.651. No Brasil, o total de renegociações ultrapassou 904 mil acordos apenas nos primeiros oito meses do ano, alta de 27,86%.

O economista Luiz Carlos Ongaratto, explica que essa situação reduz a margem de lucro e aumenta a inadimplência. “As empresas passam por dificuldade financeira para honrar pagamentos com folha, impostos e fornecedores. Essa inadimplência é algo esperado por conta do aumento das taxas de juros e sua persistência nesse patamar.”

Segundo o especialista, renegociar dívidas é um passo necessário para evitar o colapso financeiro. “Esses acordos são importantes para tentar alongar a dívida, diluir os pagamentos no tempo. Nenhum banco quer que o cliente pare de pagar. A renegociação é muito melhor do que a inadimplência, porque garante a continuidade da economia”, analisa Ongaratto.

Ele ressalta ainda que o cenário deve continuar nos próximos meses. “As empresas precisam reperfilar dívidas,  trocando débitos de curto prazo por prazos mais longos ou renegociando taxas e amortizações. Isso vai continuar nesse ano de 2025 e também em 2026”, prevê.

Entre os microempreendedores individuais, o endividamento também preocupa. Muitos abrem o negócio por necessidade e acabam se surpreendendo com as responsabilidades financeiras que vêm junto com o CNPJ.

“Muitos microempreendedores individuais criam seu negócio sem saber como se planejar financeiramente e acabam se tornando inadimplentes por essa falta de conhecimento”, explica Ana Luisa de Mello, especialista em educação financeira. “Através do Guia MEI, nosso maior objetivo é ajudar a promover a educação financeira para esse público que é um grande pilar econômico do País.”

Segundo Mello, a falta de controle financeiro é o principal motivo de inadimplência entre pequenos empreendedores. “Muitos não têm clareza sobre o quanto realmente entra e sai do caixa. Isso faz com que o endividamento cresça rapidamente”, alerta.

De acordo com o educador financeiro Fernando Gambaro, o aumento de renegociações em Goiás reflete tanto a necessidade das empresas quanto a oportunidade de reorganizar as finanças.

“Assim como acontece em nível nacional, Goiás também acompanhou a tendência de crescimento na busca por negociações de dívidas com CNPJ. Esse aumento reflete tanto a necessidade das empresas em organizar suas finanças diante de um cenário econômico desafiador quanto a maior oferta de condições atrativas por parte dos credores”, explica.

Ele destaca que os descontos em renegociações podem chegar a 90%, o que tem atraído empreendedores em busca de fôlego financeiro. “O objetivo é que o acordo seja sustentável, evitando que o empreendedor volte à inadimplência. Regularizar a situação melhora o acesso ao crédito e fortalece a credibilidade da empresa”, afirma.

Para Gambaro, a renegociação é uma forma de manter a empresa viva. “Regularizar dívidas é um passo importante para que os empreendedores consigam respirar financeiramente, planejar o crescimento e investir novamente no negócio. Esse movimento contribui para manter empregos e a competitividade no mercado.”

Antes de fechar um acordo, ele orienta que o empresário analise o orçamento. “É fundamental avaliar quanto realmente pode comprometer do caixa sem prejudicar o funcionamento do negócio. Mais importante do que apenas fechar um acordo é garantir que ele seja sustentável, evitando atrasos e um novo ciclo de inadimplência.”

Com juros altos e crédito restrito, a renegociação tem sido uma alternativa para garantir a sobrevivência de muitos negócios. Em Goiás, o número de acordos mostra que, mesmo em um cenário de dificuldade, os empreendedores têm buscado reorganizar as finanças para continuar de portas abertas.

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