A nova variante da Covid-19, chamada XFG, está circulando em Goiás. Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “variante sob monitoramento” por sua alta transmissibilidade, a cepa já aparece em 97% das amostras analisadas em setembro pelo Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO). O primeiro registro no Estado foi feito em junho, no município de Inhumas, e desde então o vírus se espalhou por diversas regiões goianas.

Segundo o Lacen-GO, o avanço da variante da Covid -19  foi rápido. “A partir do segundo semestre deste ano, a linhagem XFG é identificada em mais de 90% das amostras analisadas, ou seja, é predominante e presente em vários municípios goianos. A maior concentração de registros ocorreu em agosto, principalmente em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Rio Verde”, informou a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio de nota.

De acordo com a SES, o levantamento mostra que a presença da variante da Covid-19  aumentou rapidamente em Goiás entre agosto e setembro. Em agosto, 93% das amostras analisadas já correspondiam à XFG, enquanto as demais variantes, P.D.1.2, LF.7.6.2 e PQ.2, representavam, juntas, apenas 7% dos casos. 

Os estudos sobre a XFG variante da Covid- 19, também foram conduzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), referência nacional em vigilância genômica. As análises foram concluídas em 12 de julho e os resultados foram comunicados às secretarias de saúde e ao Ministério da Saúde. 

A virologista Paola Resende, do IOC/Fiocruz e integrante do grupo técnico da OMS que acompanha a evolução do vírus da Covi-19, alerta para a necessidade de retomar a vacinação e os cuidados básicos. “Temos novas vacinas para a Covid-19, atualizadas com a linhagem, que já estão disponíveis nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) para os públicos prioritários”, afirmou.

Segundo a pesquisadora, essa variante da Covid-19, possuí outras mutações e há sinais de maior gravidade “A variante XFG apresenta mutações no genoma e tem sido detectada com mais frequência em diferentes países nos últimos meses. No entanto, não há sinais de maior gravidade da doença ou de impacto significativo na eficácia de vacinas e antivirais. Nesse contexto, o grupo consultivo da OMS avaliou o risco associado à linhagem como baixo e reforçou a importância de intensificar a vigilância”, destacou.

No mês seguinte, o predomínio foi ainda maior: 97% das amostras eram da XFG e de suas sub variantes, como XFG.2, XFG.3, XFG.3.3.1 e XFG.3.4.1. Essas sub variantes são ramificações da mesma linhagem, que surgem a partir de pequenas mutações naturais do vírus, mas continuam pertencendo à mesma família genética. 

OMS inclui XFG na lista de variantes da Covid-19 sob monitoramento

A OMS incluiu a linhagem XFG da Covid- 19,  na lista de variantes monitoradas em 25 de junho, após detectar seu aumento em países como França e Reino Unido. Apesar da alta transmissão, não há evidências de que provoque quadros mais graves da doença nem redução na eficácia de vacinas e antivirais.

No Brasil, os primeiros casos foram confirmados em maio, nos estados de São Paulo e Ceará. Em Goiás, a circulação da variante coincidiu com o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de Covid-19 a partir de agosto. Segundo a SES, o sequenciamento genético é feito por amostragem, a partir do envio de materiais coletados pelos municípios ao Lacen-GO, o que permite mapear a presença da cepa em diferentes regiões.

O Ministério da Saúde também acompanha a evolução da XFG variante da Covid-19. No informe de vigilância de síndromes gripais divulgado em 11 de outubro, a pasta apontou que 81% dos sequenciamentos realizados nos últimos três meses no País correspondem à nova linhagem.

A SES-GO reforça a importância dos cuidados de prevenção contra a variante. “As principais orientações são para que a população observe os cuidados com a etiqueta respiratória e higienização das mãos, uso de máscara em caso de sintomas, evite locais com aglomeração de pessoas e, principalmente, mantenha o cartão de vacinação atualizado”, destacou a pasta.

Autoridades reforçam importância da vacinação e dos cuidados básicos conta a variante da Covid-19

Entre os sintomas mais relatados da variante da Covid-19, estão tosse persistente, congestão nasal, coriza, febre de intensidade leve a moderada, dores musculares, cansaço acentuado e, em alguns casos, perda do olfato e paladar. De acordo com dados reunidos por organizações internacionais, esses sinais não apresentam grandes diferenciais, se comparados aos manifestados por outras variantes do coronavírus, mas destacam-se por aparecerem com frequência entre infectados.

Ainda de acordo com a secretaria, o Estado tem promovido campanhas de conscientização sobre a importância da imunização contra a  variante da Covi-19. “Atualmente está sendo divulgada em Goiás a campanha de multivacinação ‘Vacinar para o perigo não voltar’, com mensagens em rádios, tvs, jornais, redes sociais e sites”, informa a nota.

Em Goiás, porém, a cobertura vacinal está abaixo da média nacional, especialmente entre crianças. Dados da SES-GO mostram que apenas 1,56% dos menores de um ano receberam a dose, contra 3,04% no País. O esquema vacinal prevê duas doses para crianças de 6 meses a 4 anos e, a partir dos 5 anos, uma dose de reforço. Idosos devem se imunizar a cada seis meses, enquanto profissionais de saúde e imunossuprimidos precisam de reforço anual.