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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Guerra

Sudão: Massacre em hospital deixa mais de 460 civis mortos

Maternidade em El Fasher, último hospital ativo de Darfur do Norte, foi alvo das Forças de Apoio Rápido em ofensiva

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 30 de outubro de 2025
sudão
Foto: Wikimedia Commons

Mais de 460 civis foram mortos dentro da Maternidade Saudita, em El Fasher, capital de Darfur do Norte, no Sudão, durante a ofensiva das Forças de Apoio Rápido (RSF), na quarta-feira (29), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O ataque ocorreu quando o grupo consolidava o domínio sobre a cidade, último reduto controlado pelo Exército sudanês na região. A instituição era o único hospital ainda em funcionamento, e, de acordo com a OMS, pacientes, acompanhantes e profissionais estavam no local no momento da invasão.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a agência está “consternada e profundamente chocada com as informações sobre a trágica morte de mais de 460 pacientes e acompanhantes na Maternidade Saudita de El Fasher”. Segundo o diretor, também há registro do sequestro de seis profissionais de saúde, quatro médicos, uma enfermeira e um farmacêutico, levados pelas forças paramilitares durante o ataque. Ainda, a OMS reiterou em comunicado que: “As instalações de saúde devem ser locais protegidos, nunca alvos de guerra”.

A cidade, antes habitada por mais de um milhão de pessoas, foi tomada no domingo (26), após semanas de combates intensos. Dois dias depois, o governo sediado em Porto Sudão acusou as RSF de atacar mesquitas e voluntários da Cruz Vermelha. “Mais de 2 mil civis morreram durante a invasão da milícia em El Fasher, que atacou as mesquitas e os voluntários da Cruz Vermelha”, declarou Mona Nur Al Daem, responsável pela ajuda humanitária no país. O governador de Darfur, Minni Minawi, confirmou o número de mortos e descreveu a destruição das estruturas médicas.

Guerra Civil no Sudão

A conquista de El Fasher marcou um novo avanço das RSF, que há mais de três anos e meio enfrentam as Forças Armadas do Sudão em uma guerra civil iniciada após o golpe de 2021, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan. Desde então, segundo dados da ONU e de organizações independentes, mais de 150 mil civis morreram e cerca de 13 milhões foram deslocados. O colapso humanitário no país se agravou, com fome, doenças e escassez de medicamentos se espalhando pelas principais cidades.

O Conselho de Segurança da ONU condenou o ataque e alertou para “o aumento do risco de atrocidades de grande escala, incluindo as de motivação étnica”. A União Europeia também repudiou o episódio e denunciou a “brutalidade” das forças paramilitares. Em resposta, o chefe das RSF, general Mohamed Dagalo, declarou em um discurso transmitido pelo Telegram que busca “a unidade do Sudão pela paz ou pela guerra”. “Lamentamos profundamente a catástrofe que ocorreu com os habitantes de El Fasher (…) mas a guerra nos foi imposta”, afirmou.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 36 mil pessoas fugiram da cidade desde o início da semana em direção a Tawila, que já abriga cerca de 650 mil deslocados. Outros 177 mil civis permanecem em El Fasher, onde a falta de alimentos e medicamentos se agrava. O bloqueio das rotas de acesso dificulta o envio de ajuda humanitária ao Sudão. Médicos locais relatam que tratam feridos e doentes com recursos escassos, sob risco constante de ataques com foguetes e drones.

Ainda, autoridades dos Estados Unidos acusaram as RSF e milícias aliadas de promover limpeza étnica em Darfur. A perda de El Fasher simboliza o colapso do último bastião militar do governo na região, ampliando o isolamento das forças leais ao general Burhan e aprofundando a tragédia humanitária no país.

Leia mais: Operação no Rio é assunto global como “violência extrema”

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