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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
novos arranjos familiares

Uniões homoafetivas já somam 480 mil no país, aponta o Censo do IBGE

Censo 2022 mostra avanço histórico das relações entre pessoas do mesmo sexo e consolidação de novos arranjos familiares

Luana Avelarpor Luana Avelar em 6 de novembro de 2025
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Foto: FreePik

O amor, que durante décadas foi confinado às sombras do preconceito, agora aparece nas planilhas oficiais. Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), o número de uniões homoafetivas no Brasil saltou de 58 mil, em 2010, para 480 mil, em 2022 — um crescimento de 728% em doze anos. A estatística, que poderia parecer apenas uma curiosidade demográfica, é também um retrato político: o país que aprendeu a nomear o afeto começa, ainda que tardiamente, a reconhecê-lo como parte legítima da vida pública.

Em 2010, as uniões homoafetivas representavam 0,1% dos lares brasileiros. Hoje, são 0,7%. O avanço não se explica apenas por números, mas por um processo de afirmação social iniciado em 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. De lá para cá, os cartórios deixaram de ser arenas de exclusão e passaram a registrar vínculos que antes existiam apenas na informalidade — ou na resistência.

O retrato de um país que muda devagar

Entre os 480 mil casais contabilizados, 58% são formados por mulheres e 42% por homens. A maioria vive em união consensual (77,6%), enquanto 13,5% optam pelo casamento civil e 7,7% unem fé e registro civil. A predominância feminina nas uniões homoafetivas acompanha uma tendência global: são as mulheres, em geral, as primeiras a formalizar o afeto em contextos de mudança social.

O perfil traçado pelo IBGE também revela nuances de classe e cor. Brancos são 47,3%, pardos, 39%, pretos, 12,9%. A escolaridade média é alta: 31% têm ensino superior completo, e 42,6% concluíram o ensino médio ou cursam faculdade. A religião aparece como marcador de contraste — 45% se declaram católicos, 13,6% evangélicos e 21,9% afirmam não ter religião, número que dobra a média nacional de pessoas sem filiação religiosa.

Entre o afeto e a lei, a afirmação de um direito

O crescimento das uniões homoafetivas é, ao mesmo tempo, uma vitória e uma lembrança incômoda. A vitória de quem, após séculos de invisibilidade, conseguiu inscrever sua existência na linguagem da lei. E a lembrança de que essa conquista ainda convive com o preconceito cotidiano, com o olhar enviesado no balcão do cartório, com o silêncio imposto nas cidades do interior.

A formalização de casais do mesmo sexo, no entanto, é apenas a face visível de um outro fenômeno: a transformação da ideia de família. Ao reconhecer novos arranjos, o país começa a desmontar a velha hierarquia do amor, antes restrita à heteronormatividade e ao casamento tradicional.

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Uniões homoafetivas crescem 728% em 12 anos e refletem transformações sociais no Brasil. Foto: FreePik

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