COP30: Protestos indígenas roubam cena após tumulto
Manifestantes tentaram entrar na área restrita da conferência e confronto com seguranças interrompeu as atividades
Um protesto na área de credenciamento da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, terminou em tumulto e deixou dois seguranças feridos na terça-feira (11). O episódio ocorreu quando manifestantes tentaram ultrapassar o controle da Zona Azul, área da conferência administrada pela ONU e restrita a delegações e chefes de Estado.
O grupo, que carregava faixas e bandeiras, se separou da Marcha Global Saúde e Clima, formada por profissionais da saúde, indígenas e representantes de movimentos sociais. Eles avançaram sobre o saguão principal, quebrando mesas e portas durante o confronto com seguranças. Uma barricada foi improvisada para conter o avanço.
Com o aumento da tensão, os agentes de segurança forçaram a saída dos manifestantes. Participantes credenciados precisaram deixar o local, que foi isolado por alguns minutos. Viaturas da Polícia Militar chegaram para reforçar o controle, e a organização informou que não houve prisões.

O secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, disse que a coordenação do evento adotou medidas em conjunto com a ONU. “A ONU tem todos os seus protocolos de segurança. (…) Nós fazemos os pactos pacíficos de convivência com os movimentos e eles (segurança da ONU) estão aqui para garantir a segurança”, afirmou.
Depois do incidente, autoridades federais e representantes das Nações Unidas se reuniram para avaliar a situação. A entrada dos trabalhadores noturnos foi adiada, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lamentou o ocorrido. “Eu nem fiquei sabendo o motivo desse acontecimento e lamento muito porque esta COP já está registrada como a maior e melhor participação do protagonismo indígena”, disse em entrevista à GNews.
Na manhã de quarta-feira (12), o acesso à Zona Verde, área aberta ao público e destinada a ONGs, empresas e povos indígenas, começou com atraso. Pouco depois, os portões voltaram a ser fechados, sem explicações claras. Sob o calor intenso de Belém, filas se formaram do lado de fora enquanto participantes pediam, em coro, a reabertura: “libera, libera”.
COP30 sob foco internacional
O episódio rapidamente repercutiu na imprensa internacional. A BBC News, do Reino Unido, relatou que jornalistas da emissora presenciaram “funcionários da segurança das Nações Unidas correndo atrás de uma fileira de soldados brasileiros que gritavam para os delegados deixarem o local imediatamente”. Segundo a ONU, dois agentes ficaram levemente feridos.
O jornal britânico The Independent destacou que os manifestantes indígenas portavam bandeiras e cartazes com frases como “Nossa terra não está à venda”, enquanto o The Guardian mencionou a ligação do protesto com a Marcha Global Saúde e Clima. Segundo a entidade organizadora, o ato reuniu cerca de 3 mil pessoas, que caminharam 1,5 km pela avenida Duque de Caxias até a sede da COP30.
A emissora Al Jazeera, do Catar, informou que os manifestantes faziam parte de uma “marcha maior com centenas de pessoas até o local”, e que o protesto terminou após a dispersão do grupo. A ABC News relatou que os indígenas apareceram “gritando furiosamente” e exigindo acesso ao recinto. Já o francês Le Monde ressaltou que “a segurança dentro do recinto da COP30 é de responsabilidade da ONU, enquanto as autoridades locais cuidam da área ao redor”.
De acordo com a Marcha Global Saúde e Clima, o percurso seguiu “acordos previamente firmados com a organização da COP30”. Apesar disso, a confusão levou ao reforço da segurança e à revisão dos acessos ao evento.