Carille sincero: técnico evita projeções, celebra o resultado e começa a pensar no Remo
Vitória sofrida, mas essencial: Goiás renasce na hora mais crítica e decide o acesso na rodada final
O Goiás viveu uma tarde de sobrevivência, alívio e um sopro real de esperança na Série B. Depois de semanas de oscilação e da sensação de que o acesso estava escorrendo pelos dedos, o Verdão reencontrou o caminho das vitórias no momento mais crítico do campeonato. A vitória por 1 a 0 sobre o Novorizontino, combinada ao tropeço do Remo, recolocou o clube no G-4 e o devolveu ao controle do próprio destino às vésperas da última rodada.
Com o resultado, o Goiás saltou para a quarta posição, alcançando 61 pontos — mesma pontuação do Criciúma, mas ainda atrás no saldo de gols. A matemática, porém, é simples: uma vitória no Mangueirão garante o acesso sem depender de nenhum outro placar. Empate e derrota complicam a vida esmeraldina, abrindo brecha para Chapecoense ou Remo tomarem seu lugar.
No entanto, se a arquibancada já estava projetando o confronto decisivo em Belém, o técnico Fábio Carille caminhava em outra frequência. Em entrevista coletiva pós-jogo, o treinador adotou um tom direto e até raro no futebol brasileiro. Disse que não pensou no Remo. Que não elaborou estratégia. Que sequer começou a organizar a semana. A prioridade era vencer o Novorizontino — e só isso.
“Sou muito de viver a partida de hoje. O jogo contra o Remo não valeria nada se a gente não fizesse nossa parte aqui. De coração, não tenho nada planejado ainda. Quero sentar no sofá, ligar a televisão e ficar tranquilo. A partir de amanhã eu entro mesmo no jogo contra o Remo”, afirmou Carille, visivelmente aliviado com o resultado.
A sinceridade seguiu nos minutos seguintes. Carille explicou que a última semana de campeonato exige equilíbrio entre intensidade e cuidado, já que restam apenas 90 minutos que podem decidir todo um ano. “É elaborar uma semana inteligente. É dosar a energia dos atletas para chegarmos organizados e fortes em Belém. Agora, neste momento, eu realmente não tenho nada elaborado”, completou.
A fala do Carille, embora surpreendente, revela um ponto importante: o Goiás se permitiu respirar. A pressão extrema que cercou o time nas últimas rodadas deu lugar a uma sensação de renascimento competitivo. O elenco voltou a responder, o sistema defensivo encaixou novamente e o clima, tão pesado semanas atrás, mudou.
Agora, tudo converge para o Mangueirão. O Goiás só depende de si. Uma vitória simples sela o retorno à Série A. Um empate leva o drama para o rádio e para a calculadora. Uma derrota encerra o sonho no instante final.
O Verdão chega vivo. E, ao que tudo indica, chega sincero — como Carille.