Goiás lidera produção de melancia no Brasil e abre novas rotas globais
Com alta de 135% na década, melancia se torna peça-chave do crescimento agrícola de Goiás
Goiás encerrou 2024 reafirmando sua posição como o maior produtor de melancia do país, marca sustentada por crescimento expressivo no volume colhido, no valor da produção e na expansão de mercados, inclusive com novos destinos internacionais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado atingiu 270,5 mil toneladas, consolidando um salto de 9,6% na última década, ao mesmo tempo em que registrou um avanço histórico no valor gerado pela cultura: R$ 273,3 milhões, alta acumulada de 134,9% no período.
Os números refletem um ambiente produtivo impulsionado por investimentos em inovação genética, profissionalização do setor e políticas públicas voltadas à expansão da fruticultura. A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa) aponta que o desempenho está diretamente ligado ao melhoramento de cultivares, especialmente aquelas voltadas para melancias sem sementes, segmento de alta exigência no varejo e cada vez mais valorizado no mercado internacional.
Segundo a Inteligência de Mercado Agropecuário da Seapa, a demanda crescente por frutos mais doces, com textura firme e maior vida de prateleira tem fortalecido o posicionamento de Goiás como fornecedor competitivo, tanto no mercado interno quanto no comércio exterior. “Os resultados mostram a capacidade do produtor goiano de inovar e investir em tecnologia. As políticas públicas, como o Crédito Social e o FCO Rural, têm sido essenciais para garantir inclusão produtiva no campo”, afirma o titular da Seapa, Pedro Leonardo Rezende.
Municípios se destacam e ampliam capacidade produtiva
A força da melancia goiana se concentra em polos produtivos consolidados e em municípios emergentes. Uruana, por exemplo, mantém a liderança estadual e nacional, respondendo por 32,6% de toda a produção de Goiás. O município se destaca por áreas consolidadas, mão de obra capacitada e tradição no cultivo, sendo referência para outros estados.
Jussara, que havia reduzido o cultivo em anos anteriores, retomou a atividade e assumiu a segunda posição no ranking estadual. Já Santa Fé de Goiás apresentou o avanço percentual mais expressivo: dobrou sua produção em relação ao ano anterior, efeito de novos investimentos, preparo técnico e melhor gestão das áreas plantadas.
O informativo Agro em Dados, publicado mensalmente pela Seapa, indica que o acompanhamento técnico, a introdução de cultivares modernas e o fortalecimento de cadeias logísticas foram essenciais para a expansão observada nos municípios.

Exportações retomam fôlego e abrem novos mercados
Entre janeiro e setembro de 2024, Goiás registrou o maior valor exportado de melancia dos últimos seis anos: US$ 270,1 mil. Embora a maior parcela da produção ainda seja destinada ao mercado interno, o avanço das exportações reflete a capacidade crescente do estado em acessar nichos internacionais.
Os principais destinos continuam sendo os países do Mercosul — Argentina, Paraguai e Uruguai — que historicamente absorvem grande parte dos embarques. No entanto, a abertura de novos mercados tem modificado o cenário: os Emirados Árabes Unidos passaram a integrar o rol de compradores, tornando-se, no acumulado de 2025, o destino que melhor remunera a tonelada exportada por Goiás.
Segundo Rezende, a presença em mercados mais exigentes demonstra maturidade e capacidade técnica do setor: “O desempenho reforça o papel da fruticultura no desenvolvimento regional e na diversificação das exportações goianas. Temos trabalhado para ampliar a competitividade e garantir que os produtores acessem oportunidades de maior valor agregado”.

Goiás amplia número de municípios aptos a exportar cucurbitáceas
Além do crescimento produtivo, 2025 marcou outro avanço: Goiás passou a contar com 19 municípios certificados para exportar cucurbitáceas — melancia, melão e abóbora — após a inclusão de Itapirapuã no Sistema de Mitigação de Risco (SMR) para a praga Anastrepha grandis, a mosca-das-frutas das cucurbitáceas.
O reconhecimento, concedido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) por meio da Portaria SDA nº 1.418/2025, decorre de um trabalho conjunto entre a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), produtores rurais e responsáveis técnicos.
“O Governo de Goiás tem investido continuamente em uma fruticultura mais competitiva e segura, oferecendo suporte técnico aos produtores e garantindo que todas as etapas do processo sigam os mais rigorosos padrões fitossanitários”, afirma o presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos. “Essa conquista representa o comprometimento dos nossos profissionais e o avanço do agronegócio goiano.”
Para a certificação, Itapirapuã foi submetida a monitoramento fitossanitário rigoroso por pelo menos seis meses, sob supervisão de um responsável técnico habilitado. O gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Leonardo Macedo, destaca que o processo envolveu coletas contínuas, inspeções e envio de relatórios técnicos que atestaram a ausência da praga. “Essa parceria entre poder público e setor produtivo tem sido fundamental para ampliar o número de municípios habilitados”, afirma.
Com a nova adesão, passam a integrar o grupo de municípios aptos: Carmo do Rio Verde, Cristalina, Edealina, Goianésia, Ipameri, Itapirapuã, Itapuranga, Jaraguá, Jussara, Luziânia, Maurilândia, Mundo Novo, Nova Crixás, Porangatu, Rio Verde, Rubiataba, Santa Helena, São Miguel do Araguaia e Uruana.
Competitividade em alta e perspectivas para 2026
A combinação de produtividade crescente, exportações em expansão e ampliação de áreas certificadas reforça a posição de Goiás como protagonista nacional na produção de melancia. A adoção de tecnologias, o fortalecimento do suporte técnico e o cumprimento rigoroso das normas fitossanitárias colocam o estado em posição estratégica para acessar mercados mais rentáveis e ampliar sua presença internacional.
Com novos destinos em potencial e a consolidação de municípios altamente competitivos, a perspectiva para os próximos anos é de continuidade no crescimento e maior diversificação da produção e dos mercados.