Justiça condena médico que alegou falsamente que mamografia provoca câncer de mama
Após ação da AGU, médico deve remover vídeos que associam mamografia a câncer
A Justiça Federal em Minas Gerais condenou o médico e influenciador Lucas Ferreira Mattos por divulgar conteúdos que associavam a mamografia ao aumento do risco de câncer de mama. A decisão determina a retirada de todas as publicações e impede o médico de produzir novos materiais com o mesmo teor. Sendo assim, ele também não pode compartilhar esse tipo de conteúdo em perfis de terceiros.
O caso chegou à Justiça após uma ação civil pública apresentada em março pela Advocacia-Geral da União, em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. A medida integra o programa “Saúde com Ciência”, que atua no enfrentamento da desinformação sobre temas de saúde. O processo foi conduzido pela Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, vinculada à Procuradoria-Geral da União.
Informações falsas sobre mamografia
O vídeo mais recente publicado pelo médico sobre o assunto acumulou mais de 62 mil visualizações no Instagram. Além disso, alcançou cerca de 12 mil visualizações no YouTube Shorts. No conteúdo, Lucas afirmava que a mamografia teria uma carga de radiação equivalente a “200 raios-x”. Segundo ele, isso aumentaria a incidência de câncer de mama em mulheres submetidas ao exame. A Justiça destacou que a afirmação não encontra respaldo científico e pode levar pacientes a abandonar o rastreamento recomendado pelos órgãos de saúde.

O magistrado responsável pelo caso afirmou, na decisão liminar, que a fala do médico contraria pesquisas atuais e consolidadas sobre o tema. Ou seja, pode causar riscos diretos às mulheres que deixem de procurar atendimento adequado. A sentença reforça que a mamografia é um exame seguro e essencial para o diagnóstico precoce do câncer de mama, condição que aumenta as chances de tratamento efetivo.
O Ministério da Saúde recomenda a realização de mamografia bienal para mulheres entre 50 e 74 anos, mesmo sem sintomas. Contudo, quando há sinais suspeitos, o exame é indicado para qualquer idade. A Sociedade Brasileira de Mastologia também orienta o rastreamento regular para mulheres a partir dos 40 anos. No Sistema Único de Saúde, o procedimento pode ser solicitado mediante avaliação médica.
A procuradora-geral da União, Clarice Calixto, afirmou que a decisão representa um avanço na proteção da saúde pública. Ela destacou que o combate à desinformação é uma das prioridades do programa. Sendo assim, considera que casos desse tipo exigem resposta rápida para evitar impacto negativo na população.


A mamografia segue como principal método de rastreamento do câncer de mama no país. O exame identifica alterações em fase inicial. Além disso, orienta o tratamento e permite que mulheres tenham mais chances de cura. Por fim, a orientação é que dúvidas sejam sempre esclarecidas com profissionais habilitados.