Goiás viaja com “esquema de guerra” para domingo (23)
Remo protesta contra a escalação de Raphael Claus e pressiona a CBF às vésperas do duelo decisivo contra o Goiás no Mangueirão
O clima para Remo e Goiás, neste domingo (23), às 16h30, no Mangueirão, deixou de ser apenas de decisão esportiva. A última rodada da Série B ganhou contornos de tensão institucional após o Remo divulgar uma dura nota de repúdio contra a escalação de Raphael Claus para a partida. O clube paraense afirma ter “discordância e preocupação” com o árbitro, citando episódios passados e cobrando explicações formais da CBF.
A diretoria azulina relembrou especialmente o jogo contra o Confiança, em 2021, também na rodada final da Série B, quando Claus anulou um gol após revisão do VAR e o Remo acabou rebaixado. Segundo o clube, existe um “histórico de péssimas arbitragens” envolvendo o paulista — que apitou a última Copa do Mundo — e o momento decisivo exige “total imparcialidade, independência e conformidade com o regulamento”. Mesmo com a manifestação, o clube pediu que a torcida mantenha calma e respeito no Mangueirão, reforçando a importância de um ambiente seguro na partida.
Como chega o Remo
Dentro de campo, o Leão Azul vive situação delicada. Após a derrota por 3 a 1 para o Avaí, o time caiu para o sexto lugar e saiu do G4. Para sonhar com o retorno à Série A após mais de três décadas, o Remo precisa vencer o Goiás e torcer por tropeços de Chapecoense ou Criciúma. A pressão é grande, mas a volta ao Mangueirão — com expectativa superior a 45 mil torcedores — reacende a esperança da torcida azulina.
O estádio, que recebeu o Global Citizen Festival no início do mês, passou por uma operação completa de recuperação do gramado. Liderado pelo engenheiro agrônomo e ex-jogador do Remo, Raimundo Mesquita, o processo envolveu corte helicoidal, adubação mineral, irrigação constante, nivelamento do solo, verificação de drenagem e até limpeza com vassoura metálica e detector de metais. “Trabalhamos intensamente por 15 dias para entregar um gramado impecável. O coração fica apertado. Se pudesse entrar em campo, eu entrava”, disse Mesquita.

A direção do Mangueirão garante operação especial para o jogo, com reforço de segurança e logística. “Estamos prontos para receber mais de 40 mil pessoas”, afirmou Maurício Bororó, diretor do estádio.
Como chega o Goiás
Se o Remo chega pressionado, o Goiás desembarca em Belém em momento oposto: motivado e em alta. A vitória sobre o Novorizontino recolocou o Esmeraldino no G4, na quarta posição, com 61 pontos. Basta vencer o Remo para confirmar o retorno à elite nacional. Um empate pode servir, desde que a Chapecoense não vença o Atlético-GO.
Mas a preparação não foi apenas técnica. O Goiás montou um verdadeiro “esquema de guerra” para a viagem. O clube reforçou a segurança, contratou 10 profissionais particulares para acompanhar a delegação, pediu ajuda à polícia local por medo de foguetório e organizou uma escolta especial para o trajeto até o Mangueirão. A estratégia inclui até controle alimentar: a nutricionista Sandra Rodrigues viajou antes da delegação para garantir toda a logística de refeições.
A blindagem envolve silêncio total. O clube não divulgou horário de embarque e nenhum dos atletas concederá entrevistas antes do jogo. A postura foi reforçada após o vice-governador de Goiás, Daniel Vilela — revelado nas categorias de base do clube — telefonar para o governador do Pará, Helder Barbalho, pedindo apoio direto para garantir a segurança da delegação.
Ambiente de decisão
Com gramado recuperado, estádio lotado, clubes sob pressão e críticas públicas à arbitragem, Remo x Goiás reúne todos os ingredientes de uma verdadeira final. De um lado, um Remo que tenta reescrever sua história após o trauma de 2021. Do outro, um Goiás organizado, blindado e a um passo de mais um acesso.
No Mangueirão, a expectativa não é apenas por um jogo — mas por um capítulo decisivo do futebol brasileiro.