Remédios de graça: PC descobre esquema que fraudava embalagens para vender medicamentos
Esquema removia o carimbo “proibida a venda ao comércio” dos medicamentos, destinados exclusivamente à rede pública, para revendê-los ilegalmente a farmácias
A Polícia Civil de Goiás interditou um galpão clandestino no Bairro Cardoso, em Aparecida de Goiânia, onde funcionava um esquema ilegal de manipulação e adulteração de embalagens de remédios. A operação, conduzida pela Central de Flagrantes em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal e a Guarda Civil Metropolitana, resultou na prisão em flagrante do responsável pelo local e na apreensão de uma grande quantidade de remédios destinados originalmente a órgãos públicos.
Segundo a Polícia Civil, o espaço funcionava sem qualquer tipo de autorização municipal, estadual ou federal, operando totalmente na ilegalidade. No local, as equipes encontraram remédios com a inscrição obrigatória “proibida a venda ao comércio” – carimbo que garante que aquele lote seja destinado exclusivamente a unidades públicas de saúde, como CAIS e hospitais municipais. Parte dos produtos já estava com o carimbo removido, indicando fraude para inserção irregular no mercado varejista.
Remédios eram vendidos
O delegado responsável pela Central de Flagrantes, Humberto Teófilo, disse durante a ação que a equipe se deparou com uma estrutura montada especialmente para apagar a rotulagem original. “O que eles faziam? Pegam esse produto aqui e removiam o carimbo. Removendo o carimbo, eles faziam a venda para as farmácias”, explicou, destacando o prejuízo direto aos pacientes que dependem da rede pública: “Medicamento carimbado tem destino específico. Quem tá sofrendo na ponta é aquele que vai lá no CAIS e não tem um medicamento suficiente”.
Durante a vistoria, foram encontrados solvente químico (óleo de banana), flanelas, cotonetes e uma mesa usada para fricção das embalagens – todos instrumentos utilizados para apagar o carimbo de destinação institucional e simular regularidade comercial. Para o delegado, o crime vai além do armazenamento irregular. “É um círculo criminoso que envolve muita gente, não só essa pessoa que está sendo presa em flagrante, que é o dono do galpão. E drogaria, gente? Muitas drogarias pegam medicamento sem carimbo, tá participando da associação criminosa”, afirmou.
Diante das irregularidades e do risco à saúde pública, a Vigilância Sanitária interditou totalmente o galpão e determinou a apreensão administrativa de todos os medicamentos encontrados. O responsável pelo local foi preso pelo crime previsto no artigo 7º, inciso IX, da Lei 8.137/90, que trata de comercialização de produtos impróprios ao consumo.
Confira o vídeo:
Leia mais: Operação em Aparecida apreende 4,5 toneladas de palha usada para adulterar café