Trump sofre derrota no caso Bolsonaro e fortalece Lula no cenário político
Tentativas do ex-presidente americano de influenciar o julgamento do ex-presidente brasileiro não surtiram efeito; Bolsonaro cumpre pena de 27 anos enquanto Trump revoga tarifas contra o Brasil e mantém diálogo amistoso com Lula
Nesta segunda-feira (24), um dos jornais mais importantes do mundo, o New York Post, destacou a derrota política de Donald Trump na tentativa de influenciar o julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, condenado por tentativa de golpe de Estado. A análise afirma que as ações do ex-presidente americano para manter Bolsonaro fora da prisão não surtiram efeito e, na prática, fortaleceram a posição política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro teve a prisão preventiva decretada no sábado (22) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A medida foi solicitada pela Polícia Federal após o senador Flávio Bolsonaro convocar uma “vigília” em apoio ao pai nas proximidades da residência do ex-presidente, momento em que foi detectada uma tentativa de violação da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro. A decisão foi confirmada por unanimidade pela Primeira Turma do STF. Ao tomar conhecimento da prisão, Trump limitou-se a comentar: “É uma pena”.
Trump já aceitiu que perdeu

O New York Post ressalta que a reação de Trump evidencia a inutilidade de suas tentativas de proteger Bolsonaro, além de demonstrar mudança de postura em relação ao ex-aliado. Em julho, o ex-presidente americano enviou uma carta ao governo brasileiro impondo tarifas e ameaçando sanções a ministros do STF, mas essas medidas foram ignoradas pelas autoridades nacionais. Ao longo dos últimos meses, Trump passou a elogiar Lula e a manter diálogos abertos com o Brasil, culminando em encontros cordiais entre os dois líderes, incluindo reuniões na ONU e posteriormente em conversas bilaterais.
O artigo destaca que a estratégia de Trump acabou se voltando contra ele próprio. As tarifas impostas pelo governo americano elevaram os preços de produtos brasileiros nos EUA, incluindo carne e café, aumentando a pressão interna para reduzir custos. Nesse contexto, Lula saiu politicamente mais fortalecido, enquanto Trump teve que revogar as tarifas dias antes da prisão de Bolsonaro, em um decreto que retirou a alíquota de 40% sobre diversos produtos brasileiros importados.
Segundo a análise do jornal, o episódio evidencia os limites do poder de Trump para pressionar governos estrangeiros e sua disposição de abandonar aliados em favor de rivais quando seus interesses são atendidos. Bolsonaro cumpre agora pena de 27 anos de prisão, enquanto Trump, após reuniões amistosas com Lula, precisou ceder e remover as tarifas mais significativas contra o Brasil.
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