Papa Leão XIV defende monogamia e diz que sexo não é só procriação
Nota Doutrinal surge como resposta ao crescimento de formas públicas de uniões não monogâmicas no Ocidente, especialmente as que se identificam como “poliamor”
O Vaticano publicou um decreto aprovado pelo papa Leão XIV em defesa do relacionamento monogâmico. O documento afirma que a monogamia está “intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo”. A Nota Doutrinal, apresentada pelo cardeal prefeito Victor Manuel Fernández, surgiu após diálogos com bispos a respeito da poligamia em regiões africanas e também como resposta ao crescimento de formas públicas de uniões não monogâmicas no Ocidente, especialmente as que se identificam como “poliamor”.
No texto, o decreto afirma que “monogamia não é simplesmente o oposto da poligamia. É muito mais do que isso, e uma compreensão mais profunda permite-nos conceber o matrimônio em toda a sua riqueza e fecundidade”. A nota apresenta a monogamia como expressão plena da sexualidade dentro do vínculo conjugal — uma forma de vivência afetiva em que o outro não é tratado como posse ou objeto, mas reconhecido como alguém com quem se compartilha a vida de forma integral.
Monogamia e matrimônio

De acordo com o documento, a monogamia, a defesa da exclusividade, não está ligada apenas ao número de parceiros, mas ao sentido unitivo do matrimônio. “A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo”, reforça o texto, destacando que a sexualidade tem valor também quando orientada para o afeto, a comunhão e o fortalecimento da vida conjugal.
Outro ponto central é o aprofundamento do conceito de caridade conjugal, apresentado como o amor que eleva o matrimônio para além de um acordo humano. Para o Vaticano, a caridade no casamento não se restringe ao afeto emocional ou ao desejo, mas à união espiritual e voluntária entre o casal. “A caridade – incluindo a caridade conjugal – é uma união afetiva, entendendo-se aqui por ‘afetiva’ algo mais do que sentimentos e desejos: implica um vínculo afetivo entre quem ama e a coisa amada: na medida em que quem ama considera a pessoa amada como uma só consigo”, diz o decreto.
A nota reforça o entendimento de que a monogamia e a escolha pelo casamento sustenta a construção de um vínculo único e irrepetível entre duas pessoas, baseado em entrega recíproca e pertencimento. O documento, portanto, reafirma a posição doutrinal da Igreja ao defender que a sexualidade vivida dentro de um relacionamento exclusivo fortalece a união e expressa, segundo a Santa Sé, o sentido pleno da vida matrimonial.
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