Mobilização cresce e reacende debate sobre estacionamento no Parque das Laranjeiras
Ato deste sábado (29) reforça mobilização de moradores e ambientalistas contra proposta que transforma áreas verdes em vagas de estacionamento
A mobilização no Parque das Laranjeiras ganhou ainda mais força neste sábado (29), quando moradores, ambientalistas e voluntários participaram de uma nova manifestação organizada pelo Instituto Plantadores de Água para reforçar o abaixo-assinado contra o projeto que prevê a criação de vagas de estacionamento em áreas verdes do bairro. O ato incluiu plantio simbólico e se tornou mais um marco da mobilização iniciada desde a última terça-feira (25), quando a população tomou as ruas para protestar.
De acordo com Rafael Freitas, jornalista e coordenador de comunicação do Instituto Plantadores de Água, a mobilização deste sábado tem objetivo claro: “Hoje de manhã tivemos essa ação de plantio e assinatura de um abaixo-assinado justamente para consolidar força do movimento pelo arquivamento do projeto”. O grupo afirma que transformar áreas verdes em vagas representa uma ameaça ambiental e não atende a uma demanda real dos moradores.
Rafael destaca que a mobilização não é apenas contra o projeto, mas pela preservação de elementos essenciais da cidade. “É preciso combinar intervenções de infraestrutura com qualidade ambiental. A cidade precisa de áreas verdes. Projetos de infraestrutura para estacionamentos precisam ser elaborados em harmonia com o meio ambiente. Dar lugar a estacionamentos sem pensar a qualidade ambiental é um grande prejuízo. A população perde muito, inclusive no valor venal dos imóveis”.
O coordenador alerta que a ausência de diálogo impulsionou ainda mais a mobilização local. “A comunidade entende que a proposta de intervenção precisa ser discutida por meio de consulta pública. Moradores alegam que não foram sequer chamados para uma audiência”. Ele reforça que a proposta beneficia interesses restritos: “O projeto da vereadora Rose, ao que tudo indica, atende ao apelo de um grupo de comerciantes que, por sinal, estão mais interessados em favorecer clientela”.
Segundo Rafael, a mobilização tem crescido diariamente: “O movimento popular tem aderência de vários moradores, líderes comunitários, comerciantes e organizações não-governamentais. Um movimento que empenha esforços, representação popular e defesa pelo direito à cidade e pelo meio ambiente”. Para ele, estacionamentos não são demanda real: “Estacionamento no bairro nunca foi uma deficiência, pois há espaços livres para tal”.
Caso a proposta avance, a mobilização promete buscar novas instâncias: “O movimento tem tido força e, caso haja insistência, o próximo passo será adicionar instâncias maiores, como o Ministério Público. Vamos manter a luta e não daremos chances para retrocessos”.
Mobilização coloca pressão por mudanças no projeto
A vereadora Rose Cruvinel (UB), autora da iniciativa, defende que a Avenida das Laranjeiras sofreu mudanças e hoje exige reorganização do trânsito. Ela argumenta que a via “deixou de ser residencial e passou a ser comercial” e propõe vagas “em escama” e até 332 novas vagas em áreas municipais, além da criação da primeira Avenida Gastronômica de Goiânia.
O vereador Fabrício Rosa (PT), porém, contestou o projeto e reforçou a mobilização dos moradores. Para ele, “a falta de vagas para estacionamento de veículos não é um problema da região”. Ele afirma que não há estudos que sustentem a intervenção e alerta para “danos ambientais severos e irreversíveis” caso árvores sejam removidas. Fabrício pediu acesso ao processo e criticou o cancelamento do acesso externo concedido ao Instituto Plantadores de Água.
A mobilização atingiu seu ápice na noite de terça-feira (25), quando dezenas de moradores se reuniram na Alameda dos Flamboyants. O ato, convocado pelo mandato de Fabrício Rosa, criticou a proposta e ressaltou impactos ambientais. Moradores reivindicaram que qualquer decisão sobre as áreas verdes seja tomada coletivamente.
Em redes sociais, o Instituto Plantadores de Água reforçou a mobilização ao afirmar que a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) não autorizou retirada de árvores e que qualquer intervenção precisa de debate. Durante a manifestação, moradores sintetizaram o sentimento do movimento: “Defender os jardins e as árvores é defender a vida!”.
Um projeto inicial, elaborado por empresários, chegou a prever mais de 500 vagas, 330 delas em áreas verdes, mas foi negado pela prefeitura. Ainda assim, a mobilização segue preocupada com o novo desenho da proposta. Moradores listam problemas como destruição de vegetação, falta de diálogo, interesses privados sobre o coletivo e risco de alagamentos, já que a troca de áreas verdes por pavimentação reduz permeabilidade do solo e piora o microclima.
Com a mobilização fortalecida após o ato deste sábado, o mandato do vereador Fabrício Rosa convocou moradores e imprensa para participar das próximas discussões. A população afirma que continuará mobilizada para impedir que o Parque das Laranjeiras perca parte de suas áreas verdes para a construção de vagas de estacionamento.