Justiça torna réus seis policiais do COD por dupla execução e fraude em cena do crime em Goiânia
Militares são acusados pelo MP de planejar encontro com as vítimas, simular confronto e adulterar provas; família já obteve indenização de R$ 400 mil do Estado em ação civil.
A Justiça de Goiás tornou réus seis policiais militares do Comando de Operações de Divisas (COD) acusados de executar dois homens e simular um confronto armado em Goiânia. Segundo denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), Marines Pereira Gonçalves e Junio José de Aquino atuavam como informantes dos militares e eram beneficiados em crimes junto com eles.
A decisão judicial que recebeu a denúncia reconhece que houve manipulação da cena do crime, adulteração de provas e marcação prévia de encontro com as vítimas sem levantar suspeitas “quanto às intenções homicidas”.
Foram denunciados pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado os seguintes policiais militares:
- 1º Tenente Alan Kardec Emanuel Franco;
- 2º Tenente Wandson Reis dos Santos;
- 2º Sargento Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira;
- 3º Sargento Wellington Soares Monteiro;
- Soldado Pablo Henrique Siqueira e Silva;
- Soldado Diogo Eleutério Ferreira;
Apesar da gravidade dos fatos apontados pelo Ministério Público, o pedido de prisão preventiva dos policiais e o afastamento das funções não foram acolhidos pela Justiça até o momento, o que levou o MPGO a anunciar que “estuda a medida jurídica a ser tomada”.
Além do processo criminal, familiares das vítimas travam uma batalha na esfera civil para que o Estado de Goiás seja responsabilizado. A companheira e a filha de Marines Pereira Gonçalves ingressaram com ação pedindo reparação por danos morais e materiais, sustentando que a execução foi planejada e executada de forma abusiva por policiais em serviço. Segundo laudos periciais anexados ao processo, Marines foi atingido por vários disparos, estava desarmado e não representava risco no momento em que foi morto.

O juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual reconheceu a responsabilidade civil do Estado e condenou o governo goiano ao pagamento de indenização no valor de R$ 400 mil pelos danos causados à família. Na decisão, o magistrado destacou a existência de provas consistentes que indicam simulação de confronto, colocação posterior de arma junto ao corpo e incongruências na versão apresentada pelos militares. Para o Judiciário, os elementos reunidos afastam a tese de legítima defesa e configuram violação ao dever do Estado de proteger a vida.
A família das vítimas afirma que busca visibilidade para impedir que o caso seja silenciado. Advogados e parentes defendem que a responsabilização criminal seguia avançando lentamente e que a manutenção dos policiais denunciados em atividade aumenta o medo e o sentimento de insegurança entre os familiares. O processo segue em andamento, enquanto o Ministério Público insiste na tese de execução, e a Justiça avalia medidas adicionais.
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