Lula detalha ligação com Trump: “perto de uma notícia boa”
O presidente afirmou que a ligação com o norte-americano foi “extraordinária” e a discussão sobre tarifas avançou
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (3) que a ligação feita a Donald Trump, na terça-feira (2), marcou mais um passo nas negociações para reduzir as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Em entrevista à TV Verdes Mares, em Fortaleza, Lula disse que reforçou ao norte-americano a necessidade de retirar cobranças que ainda atingem produtos brasileiros e destacou o tom da conversa, que durou cerca de 40 minutos.
Lula afirmou que costuma se surpreender com o comportamento de Trump nas conversas privadas e comentou a diferença entre a imagem pública do republicano e o trato pessoal. “Eu posso dizer que, toda vez que eu converso com o Trump, eu me surpreendo. Porque, muitas vezes, você vê o Trump na televisão, muito nervoso. Na conversa pessoal, ele é outra pessoa. Eu fiz questão de dizer para ele, temos dois Trump: o da televisão e o da conversa pessoal”. O presidente brasileiro disse ter insistido para que o norte-americano entendesse a importância da relação entre os dois países.
O líder brasileiro disse que voltou a pedir a revogação das tarifas remanescentes e classificou como positiva a retirada da taxa adicional de 40% que atingia produtos como carne, café e frutas. O petista afirmou que a medida anterior prejudicou o setor produtivo brasileiro, mas indicou que novas decisões podem ser anunciadas. “Da mesma forma que o povo teve uma notícia ruim, está perto de ouvirmos mais uma notícia boa”, disse.
Cooperação em combate ao crime organizado
Segundo o presidente, a conversa também incluiu o tema da segurança. Ele confirmou que apresentou a Trump informações sobre ações brasileiras contra organizações criminosas e propôs ampliar a cooperação entre os dois países. “Disse também sobre o combate ao crime organizado, mandei documento para ele e disse que estamos dispostos a trabalhar junto na fronteira e onde tiver”, afirmou. Lula disse que o diálogo foi “extraordinário” e voltou a mencionar a boa relação pessoal com Trump. “Temos o Trump da televisão e o Trump da vida pessoal, falei pra ele da química boa, estamos bem, não há porque ter divergência. Pode esperar, muita coisa pode acontecer”.
As repercussões da ligação chegaram ao Ministério da Fazenda. O ministro Fernando Haddad afirmou que recebeu da embaixada dos Estados Unidos um pedido de acesso a documentos sobre operações brasileiras de combate ao crime organizado. De acordo com ele, o material está em tradução na Receita Federal antes de ser enviado.
O tarifaço começou a valer em agosto e atingiu mais de 200 produtos brasileiros. Na época, o governo norte-americano argumentou que as medidas eram uma resposta a ações do Brasil que, segundo Trump, poderiam afetar a segurança dos Estados Unidos. Além das tarifas, Washington aplicou sanções a autoridades brasileiras, ponto que ainda não foi tratado diretamente entre os dois presidentes.
“Excelente química” entre Lula e Trump
A relação começou a se apaziguar depois de um encontro rápido entre os dois na Assembleia Geral da ONU, em setembro, quando Trump afirmou ter tido uma “excelente química” com Lula.

Nesta terça-feira, o republicano voltou a classificar a conversa com o líder brasileiro como positiva. “Tivemos uma ótima conversa, falamos sobre comércio, falamos sobre sanções porque, como vocês sabem, eu impôs sanções, que tem a ver com certas coisas que aconteceram”. Ele completou: “Mas tivemos uma conversa muito boa. Eu gosto dele. Tivemos boas reuniões, como vocês sabem e tivemos uma conversa muito boa hoje, sim”.
Essa é a terceira vez que os líderes conversam desde que Washington aplicou o tarifaço contra o Brasil.