María Corina faz 1° aparição pública em meses: “O mundo está observando”
María Corina Machado apareceu em Oslo após meses escondida e falou sobre perseguição, apoio externo e seus planos
A chegada de María Corina Machado a Oslo marcou o primeiro momento público da líder da oposição venezuelana em 11 meses. Ela apareceu na varanda do Grand Hotel nesta quinta-feira (11), onde foi recebida por uma multidão que cantava o hino nacional da Venezuela.
A viagem a Oslo ocorreu após uma saída secreta de seu país, em um deslocamento arriscado para Machado que vive perseguida e proibida de viajar pelas autoridades venezuelanas. A chegada à Noruega aconteceu apenas horas depois de ela não conseguir participar da cerimônia do Prêmio Nobel da Paz, realizada na quarta-feira (10), quando sua filha recebeu a premiação em seu nome.

María Corina contou com ajuda dos EUA para chegar a Oslo
A líder da oposição afirmou que sua travessia contou com apoio dos Estados Unidos, embora tenha evitado identificar quem participou da operação. “Sim, recebemos apoio do governo dos EUA. Não posso dar detalhes, porque são pessoas que poderiam ser prejudicadas”, declarou. Segundo Machado, o regime venezuelano desconhecia seu paradeiro, o que dificultou uma tentativa de impedi-la de viajar. Ela disse que pretende retornar ao país, mas não informou quando. “Vim receber o prêmio em nome do povo venezuelano e o levarei de volta à Venezuela no momento oportuno”, afirmou.
A venezuela foi “invadida”
Durante a coletiva de imprensa realizada em Oslo, ao lado do primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Stoere, María Corina foi questionada sobre a possibilidade de uma intervenção militar dos EUA. Ela respondeu com a afirmação de que a “Venezuela já foi invadida”, citando a presença de “agentes russos”, “agentes iranianos” e grupos como Hezbollah e Hamas, que, segundo ela, atuariam em cooperação com o governo Maduro. A opositora mencionou ainda “gorilas colombianos” e cartéis de drogas que controlariam “mais de 60% da nossa população”. Para ela, esse conjunto de forças transformou o país no “antro do crime das Américas”.

Machado argumentou que a sustentação do governo chavista depende de um aparato repressivo financiado por atividades ilícitas. “O que sustenta o regime é um sistema de repressão muito poderoso e bem financiado. De onde vem esse dinheiro? Bem, do tráfico de drogas e do mercado negro de petróleo, do tráfico de armas, do tráfico humano”, afirmou. Ela defendeu que cortar esses fluxos reduziria a capacidade de repressão.
Em outra resposta, disse que as ações do presidente dos EUA, Donald Trump, foram “decisivas” para enfraquecer Maduro. “Acredito que todo país tem o direito de se defender e, no nosso caso, acredito que as ações do presidente Trump foram decisivas para chegarmos ao ponto em que estamos agora, em que o regime está mais fraco do que nunca”, declarou, acrescentando que “agora, eles começam a entender que a situação é séria e que o mundo está realmente observando”.
Planos para quando Maduro deixar o poder
María Corina também falou sobre os planos para uma transição caso Maduro deixe o poder. Ela afirmou que há equipes preparadas para assumir o comando da Venezuela imediatamente. “Temos trabalhado arduamente não só com o governo dos Estados Unidos, mas também com outros governos da América Latina e da Europa, explicando detalhadamente como estamos preparados para as primeiras 100 horas e os próximos 100 dias”, disse.
Segundo Machado, profissionais venezuelanos e estrangeiros atuam juntos nesse planejamento. Ela destacou que o país enfrenta crises humanitária, financeira, de serviços públicos e de segurança, desafios que, afirma, aguardam o presidente Edmundo González, apontado pela oposição como o verdadeiro vencedor das eleições de 2024 e atualmente asilado na Espanha.