Diante do cenário em que os pré-candidatos ao governo de Goiás buscam regiões estratégicas que favoreçam suas candidaturas, é de se esperar que os municípios do interior fiquem para escanteio. Porém, nota-se que o vice-governador Daniel Vilela (MDB), que busca reeleição, têm se aproximado do interior do Estado e, inclusive, despertado admiração por prefeitos que comentam mudanças no perfil do vice de Caiado.

Nos bastidores, o que se sabe é que Daniel têm tido gosto por assumir o governo interino, enquanto Caiado se empenha para disputar a Presidência da República. Nesse sentido, observa-se que a aproximação do vice-governador com o interior do estado é um dos reflexos da mudança de visão de Vilela em relação à sua atuação como possível futuro chefe do Executivo goiano.

Por se tratar de uma ação estratégica, a proximidade de Vilela com os municípios mais afastados pode abrir brecha para quem pense que esse tipo de iniciativa é cerceada de interesses políticos. Porém, cabe ressaltar que tal comportamento por parte de pré-candidatos é visto como algo natural, pois do ponto de vista histórico, é possível identificar outros políticos que adotavam as mesmas ações de forma com que as mesmas favorecessem seus planos políticos eleitorais.

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Gestões passadas

A exemplo disso, faz sentido relembrar a posse do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) do cargo de governador do Estado em 1999. Antes de ser reeleito em 2002, o tucano fez questão de se aproximar de prefeitos que não eram tão próximos de seu partido e nem possuíam um alinhamento delimitado com sua gestão.

No caso de Vilela, programas sociais do governo como o Goiás Social têm sido um caminho viável para o emedebista reforçar vínculos com cidades do interior, além de ampliar sua influência em outras regiões do Estado. Em um das edições mais recentes do programa pelo interior, Daniel marcou presença em Caldas Novas no último sábado (13) e, para sustentar a estratégia de manter bons vínculos com as cidades mais afastadas, o vice destacou em seu discurso a importância do governo levar “até a ponta” a oferta de serviços gratuitos diretamente à população.

Vilela comentou que a iniciativa reúne ações de diferentes órgãos estaduais e reafirmou o compromisso de atender as necessidades das populações por meio do programa, sobretudo nos municípios do interior goiano. “Tudo o que está sendo oferecido aqui hoje é uma oportunidade em que a gente traz o governo para que vocês possam, com mais facilidade e mais celeridade, ter acesso a todos esses serviços”, afirmou o vice.

Análise histórica

Ao O HOJE, o mestre em História e especialista em Políticas Públicas Tiago Zancopé explica como se dá as iniciativas, por parte dos executivos estaduais, em tentar aproximação com diferentes eixos políticos com o intuito de atenderem expectativas eleitorais.

“Do ponto de vista histórico, no estado de Goiás essa busca por prefeitos eleitos por outras siglas é natural”. Zancopé usa como exemplo estratégias adotadas durante a gestão de Marconi, futuro adversário de Vilela na disputa pelo governo do Estado. “Quando Marconi assume seu mandato em 1999, ao se aproximar da sua disputa pela reeleição, o ex-governador também passa a procurar prefeitos que não necessariamente eram alinhados ao Palácio das Esmeraldas”, relembra Zancopé.

O mestre em História considera a aproximação dos executivos estaduais com os municípios como algo natural, dado a frequência de situações semelhantes em gestões antepassadas. Tiago vê essa iniciativa como consequência da decisão do governador Ronaldo Caiado (União) em disputar o Palácio do Planalto em 2026 e, assim, fazer com que o Vilela adote suas próprias estratégias para conseguir êxito na corrida eleitoral do próximo ano.

“Ao longo da história nós vemos que vários governadores tentam se aproximar de prefeitos de diferentes partidos. Marconi voltou a fazer isso recentemente e, agora, Caiado também insiste nisso. No atual cenário em que o governador se prepara para disputar a Presidência da República, Caiado prepara o terreno para que Vilela continue à frente do governo do Estado e isso é natural”, explica Zancopé ao O HOJE.